E aí, vale tudo?!
[...] Brasil!
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim [...]
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim [...]
(Brasil – Cazuza)
Por Alessandra Leles
Rocha
Assim começa o fim de semana dos brasileiros, com a manchete:
“Em regime domiciliar, mensaleiro ajudou Lula a evitar debandada de aliados” 1. O vale tudo pelo poder permanece enquanto o país
se esfarela avassaladoramente. Mas, e daí?
Pois é, esse é o pensamento e, consequentemente, o grande
problema nacional, ninguém está preocupado com a crise que ajudou a construir. Que
paguem a conta dos desvarios, das roubalheiras, os milhões de brasileiros e
ponto final; porque eles não irão ‘largar o osso’ de jeito nenhum.
Nem adianta espernear, porque tais fatos vêm bem a calhar no
sentido de escancarar publicamente o óbvio: votar é um exercício que exige um
alto grau de reflexão, pois as consequências podem ser nefastas. Um preço alto que a nossa Democracia cobra,
mas ninguém quer pagar. Então, está aí para quem quiser tirar a prova, o Brasil
afundando de maneira melancólica, depois de ter bradado aos quatro cantos do
planeta que estava ‘por cima da carne seca’. Uau!
Hospitais, portos, investimentos mil a juros módicos e com
pagamento a perder de vista, coisas de ‘pai para filho’. Foram pródigos distribuidores de benesses pelo
mundo afora, enquanto por aqui é melhor nem comentar, porque se abrirmos a boca
corremos o risco de sentar no chão e chorar até não termos mais lágrimas.
Só é fundamental esclarecer que nesse ‘balaio de gatos’
ninguém escapou; afinal, não se peca só por atos, mas por omissões. Os
representantes do povo, em todas as suas esferas, não têm passado pela história
desse país diferentemente de uma classe mercenária e oportunista; distantes de
quaisquer manifestações e sentimentos dignos e altruístas.
A situação só chegou ao ponto que está por isso, porque não
houve ninguém a lutar contra essa práxis. Agora, tentam ‘salvar a pele’ em nome
das próximas eleições municipais, posicionando-se para ‘sair bem na fotografia’;
sendo que, no fundo, não fizeram e nem fazem questão nenhuma de refletir sobre
as reivindicações populares que se arrastam desde junho de 2013. Do povo, infelizmente, eles só querem o voto.
É evidente que se há de estancar os prejuízos desse poço sem
fundo imediatamente, para que reste ao país o mínimo de esperança por parte do
mercado internacional em relação à nossa economia; bem como, pelo fato dos atores
que estão em cena já não disporem de nenhuma possibilidade de governança.
Entretanto, com um número expressivo de deputados e senadores
na mira de investigações ligadas à corrupção no país é fundamental que emerja
uma representação política em condições de liderar, de demonstrar seriedade e
apreço pelo país e seus cidadãos. Gente que esteja de fato disposta a arregaçar
as mangas e enfrentar as demandas sociais com mais compromisso e menos
populismo.
Chega de promessas, de milagres, de salvadores da pátria! A ‘lei
do menor esforço’ está com os dias contados não por obra e graça da conjuntura
nacional, mas porque o mundo anda ‘pegando fogo’ e vendo a economia balançar de
um lado para outro sobre imensos desafios. Há conflitos se arrastando, se
desdobrando em irresponsabilidades que acabam por bater às portas uns dos
outros. Daí falta espaço. Falta água. Falta comida. Falta emprego... Enquanto sobra
desespero, desesperança, agonia.
Então, a hora de se mostrar um país amadurecido frente à
realidade é essa. De cada um assumir, de agora em diante, o quinhão de
responsabilidades que lhe cabe e se munir da dignidade que nasce da consciência
do próprio esforço. Basta dessa credulidade
risonha que não nos leva a nenhum lugar senão a uma subserviência indigesta e
paralisante. Basta de sentir pena de si mesmo.