quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Apesar do Carnaval, o pensamento não pode parar!!!


Em plena quarta-feira de cinzas!

 
Por Alessandra Leles Rocha

 
Nas entrelinhas da realidade já estamos mesmo na quarta-feira de cinzas! Sob o som de “Chegou a turma do funil / Todo mundo bebe / Mas ninguém dorme no ponto / Ai, ai, ninguém dorme no ponto / Nós é que bebemos e eles ficam tontos [...]”, nos deparamos com o rescaldo da folia, das irresponsabilidades às escondidas, da farra sem limites; degustando o sabor amargo da certeza de que não há como evitar que se inflamem de novo os restos desse incêndio tão recente. 
 Confetes. Serpentinas. Máscaras. Fantasias... A única diferença dessa para a ‘outra folia’ é que nessa, o cidadão faz parte e se junta ao cordão. Nesses três dias é ele quem faz a festa, ou tenta fazer. Por mais que haja que queira, e querem, fazer transparecer que a hora é ‘para sambar’, a alegria, no entanto, não consegue ser como deveria. Está tudo meio caricato, desajeitado, desconfortável diante da realidade; o que impede a naturalidade do perfil brasileiro de extravasar as suas emoções, já popularmente estereotipadas.
Sim, eu sei que a televisão tem mostrado um mar de gente, nos blocos de rua, pelo país. Mas, e daí? Tem quem ainda não foi demitido e, por isso, pensa que deve comemorar. Tem quem não se preocupe em ser previdente e poupar em tempos de crise. Tem quem está gastando por conta, nos cartões de crédito, para pagar depois (apesar dos 400% de juros ao ano). Tem quem queira sair pela tangente e postergar a realidade para depois, e depois, e depois...  Enfim, o brasileiro é muito eclético no seu jeito de ser e pensar; ele só se esquece de que é brasileiro e as coisas por aqui não se apresentam como ‘marolinhas’, mas verdadeiras tsunamis.  
É por isso que já estamos em plena quarta-feira de cinzas! Enquanto muita notícia arde sob ‘brasas silenciosas’, a opinião pública é levada, sem muito sacrifício, a pensar no Carnaval em tempo integral. Uma notícia aqui e outra ali, de maior relevância; mas, no geral o que impera são os preparativos para o rito pagão. De uma forma sutil, essa doutrinação midiática interrompe o fluxo do cotidiano social por um breve período, é certo; mas, o suficiente para distender as reinvindicações e insatisfações populares, como um eficaz ‘balde de água fria’ no cidadão.