CICLOS
Por Alessandra Leles Rocha
Ao contrário da escola em que gradativamente somos preparados para a avaliação; a vida nos chega de repente, no susto, e nos avalia sem que de fato estejamos plenamente aptos para tal. Na modelagem dessa “colcha de retalhos”, a qual não sabemos se será longa ou curta, nem de que forma cada “retalho” será escolhido para nossa utilização, vamos desempenhando o trabalho dentro das possibilidades, do máximo e do melhor que somos capazes.
É! Involuntariamente equacionamos a conta de erros e acertos nessa gigantesca construção. Cobramos e somos cobrados em nosso desempenho, em nossa habilidade em permanecer firmes aos obstáculos, venham eles de onde vierem. Calejamos o corpo e o espírito aos solavancos do cotidiano, na esperança por ouvir mais aplausos de incentivo e compreensão do que vaias e menosprezo, tantas vezes injusto e superestimado.
Iniciar ou concluir alguma coisa na vida não é tarefa fácil! É desafio de muita ousadia lutar contra esse desconhecido, o novo. Por isso, tentamos bravamente nos manter presos ao aqui e agora, velhos e bons conhecidos, terra firme já explorada. Mas não se pode viver em berço esplêndido, na mais perfeita zona de conforto; então, sem grandes cuidados o sinal soa firme e alto em nossa percepção, indicando o fim.
Cada vez que um ciclo se fecha, o “retalho” está devidamente costurado em seu lugar e a reflexão vem à tona e se faz inevitável. Às vezes até uma pontinha de dúvida reluz se valeu mesmo à pena; mas, nessa história que não vem escrita e nem sempre dá oportunidades para reescrever, o jeito é aceitar resignado ao que passou e virar a página com otimismo; afinal, outra etapa nos espera para acontecer!
Essa é a sina humana, do ser em constante evolução, jamais acabado. Ativos ou passivos nesse processo de construção, não havemos de passar despercebidos, sem rastros, sem pegadas. Anônimos ou conhecidos não existiremos incólumes, por mais que clame por isso a nossa alma em muitos momentos. Enfim, compreenderemos que a felicidade perseguida em cada ciclo, não passou de nuvem branca que se derramou em gotas de orvalho para adoçar nosso suor e pranto, sempre que se fez possível.