Investir na saúde de
crianças em situação de pobreza salva o dobro de vidas do que aplicar o mesmo
valor em grupos mais favorecidos, apontou estudo divulgado semana pelo Fundo
das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Investir na saúde de
crianças em situação de pobreza salva o dobro de vidas do que aplicar o mesmo
valor em grupos mais favorecidos, apontou um estudo divulgado nesta quarta-feira (28) pelo Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
“A
evidência é clara: investir nas crianças mais pobres não é apenas correto no
princípio, mas também na prática – mais vidas são salvas por cada dólar gasto”,
disse o diretor-executivo do UNICEF, Anthony Lake, em um comunicado à imprensa.
O estudo é intitulado “Reduzir as diferenças: o poder de investir nas crianças mais
pobres”.
A análise
confirma uma previsão não convencional feita pelo UNICEF em 2010: um maior
investimento para alcançar crianças desfavorecidas seria compensado por
melhores resultados.
“Essa é
uma notícia crucial aos governos que trabalham para acabar com todas as mortes
preveníveis de crianças, em um momento em que cada dólar conta”, afirma Lake.
Segundo ele, investir de forma equilibrada em saúde infantil também ajuda a
romper ciclos intergeracionais de pobreza, proporcionando um melhor aprendizado
na escola e maiores rendimentos como adultos.
A pesquisa
analisou dados recentes de 51 países, onde ocorreram cerca de 80% das mortes de
recém-nascidos e menores de cinco anos. Foi avaliado o acesso a seis
tratamentos de alta qualidade na saúde de mães, crianças e recém-nascidos: o
uso de mosquiteiros tratados com inseticida, antecipação do da amamentação,
cuidado pré-natal, vacinação completa, atendimento multidisciplinar à gestante
em trabalho de parto e cuidados destinados a crianças com diarreia, febre ou
pneumonia.
Os
resultados mostram que o maior alcance a esses procedimentos ajuda a reduzir a
mortalidade infantil quase três vezes mais rápido em grupos em maior situação
de pobreza. Além disso, as intervenções nesses grupos se provaram 1,8 vez mais
econômicas em termos de quantidade de vidas preservadas.
O estudo também
revelou que, como as taxas de natalidade são maiores entre os mais pobres,
diminuir o índice de mortalidade em crianças menores de cinco anos se traduz em
mais 4,2 vidas salvas para cada 1 milhão de pessoas.
Estima-se
que 1,1 milhão de pessoas foram salvas nos 51 países durante o último ano
estudado. Delas, cerca de 85% são pobres.
Atenção às crianças em situação de pobreza fizeram a diferença
em Afeganistão, Bangladesh e Malauí
O estudo
lista Afeganistão, Bangladesh e Malaué como alguns dos países com altas taxas
de mortalidade entre os menores de cinco anos, onde o foco nos mais
desfavorecidos fez diferença para as crianças. De 1990 e 2015, a mortalidade
caiu pela metade no Afeganistão e em 74% em Bangladesh e em Malauí.
Os
resultados chegam em um momento crítico, à medida que os governos continuam seu
trabalho para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que
procura acabar com todas as mortes evitáveis entre recém-nascidos e crianças
com menos de cinco anos até 2030.
A menos
que o progresso na redução da mortalidade infantil seja acelerado, até 2030
quase 70 milhões de crianças morrerão antes de completar seu quinto
aniversário.
O estudo
pede aos países que tomem medidas práticas para reduzir as desigualdades,
incluindo separar dados para identificar as crianças excluídas; investir em
tratamentos para prevenir e tratar as doenças mais mortais para crianças,
fortalecer os sistemas de saúde para tornar cuidados de qualidade amplamente
disponíveis, inovar para obter novas maneiras de alcançar o inalcançado e
monitorar a desigualdade usando pesquisas domiciliares e sistemas de informação
internacionais.