quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

"Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível". Mahatma Gandhi

Ei! Qual é mesmo o mal do mundo???


Por Alessandra Leles Rocha



Parece-me, cada vez mais real, que o século XXI não seja o dos grandes avanços e melhorias para a população mundial; sobretudo, no que diz respeito aos Direitos Humanos. Em cada canto do planeta emergem notícias de violações contra esses direitos e que expõe, ao contrário do que muitos possam pensar, a vulnerabilidade em que se encontra o ser humano, independentemente, a qual grupo social ele esteja inserido.
Isso significa o mais amplo processo de “insignificação humana”, ou seja, a vida de determinados indivíduos pode ser estratificada em mais ou menos importante; portanto, a sua manutenção passa a correr risco permanente. E curiosamente, essa ideologia não conta com o apoio restrito de grupos que almejam algum tipo de dominação política, econômica ou social; mas, também, dentro do próprio segmento a ser “insignificado”.
A matéria publicada hoje, em diversos veículos de informação 1, a respeito da nova lei russa, que trata sobre a violência doméstica, é um bom exemplo para a nossa reflexão. Não se trata de dizer isso, tomando como base o fato da violência doméstica atingir sobremaneira as mulheres, como já presenciamos em nosso próprio país.   
A questão está, primeiramente, no fato de que a referida lei contou com apoio de deputadas ligadas ao governo russo. De certa forma, isso é um indicador de que por detrás da violência contra a mulher não está somente o homem, mas muitas delas; as quais reafirmam (conscientes ou não) os discursos históricos da inferioridade feminina e o papel secundário que exercem na construção social do mundo.
Para tal ação afirmativa, os contrários a igualdade de gênero se valem na maioria das vezes dos preceitos religiosos e de questões culturais, para que a força natural da evolução humana não seja capaz de extinguir essa “insignificação” feminina e nem, tampouco, seja capaz de estimular a criação de um ambiente favorável, de modo que todos possam desfrutar do empoderamento social com a mesma justiça e dignidade.
Depois, porque uma legislação que expõe a própria violência ao caminho da descriminalização é, sem dúvida alguma, um precedente ilimitado para o afloramento cada vez mais extensivo da barbárie, sob suas mais diversas faces.
Na medida em que estratificamos a violência em níveis toleráveis e não toleráveis, puníveis ou não puníveis, não fazemos outra coisa senão negar que a violência existe; posto que, sua aceitação passa a estar atrelada a percepção e aos valores individuais de cada um, ou seja, o que é violência para mim pode não ser para você.
Infelizmente, em muitas situações mundo afora, o que inclui o Brasil, já é exatamente isso o que ocorre. Vítimas carregam sozinhas o flagelo da sua dor e do seu desamparo diante da flexibilização da violência. Dessa forma, o eco da impunidade se propaga silencioso ao mesmo tempo em que retumba através das estatísticas.
No entanto, a lástima que nos incomoda diante desse modus social vigente não se restringe aos aspectos morais envolvidos. Sim, eles são graves e importantes; mas, não são tudo diante dos desdobramentos sociais.
Afinal de contas, a violência se eterniza no ato da prática, o que significa que independentemente do tipo exercido contra o indivíduo, as marcas deixadas, sejam elas visíveis ou não, jamais serão esquecidas. Isso porque, a violência atinge antes de qualquer outro aspecto humano, o sistema nervoso e, por consequência, as emoções.
Desse modo, pessoas vítimas de quaisquer tipos de violência tornam-se predispostas a desencadear ao longo da vida inúmeras doenças, incluindo desordens psicoemocionais, tais como transtornos de ansiedade e depressão. Sendo que, a própria Organização Mundial de Saúde (OMS), manifestou em 2014 que a “Depressão já é a doença mais incapacitante” 2, pois atinge cerca de 7% da população mundial.
Então, aos desavisados que andam propagando a intolerância, a desagregação, o desrespeito,... enfim, a violência em geral, por aí, o resultado não se resume na explosão descompensada de conflitos; mas, no surgimento de uma legião economicamente ativa de pessoas, as quais encontram-se incapacitadas para se juntar as forças de trabalho e progresso mundial.
Nesse sentido, esses 7% de pessoas tornam-se, então, dependentes de políticas assistencialistas governamentais e não governamentais para garantir sua qualidade de vida e dignidade. Pois é! Vejam o que resulta da ignorância e do radicalismo!
Homens, mulheres, brancos, negros, gays,... boas e más ideias circulam pelo universo do inconsciente coletivo; portanto, o fundamental está na cautela em  sair propagando por aí essa ou aquela ideia. Mesmo porque, a vida é um eterno desdobramento de ações, cujos resultados podem nos fazer colher verdadeiras desgraças ao longo do tempo; as quais nem tenhamos oportunidade de desfazer a contento. Segundo o médico e escritor irlandês do século XVIII, Oliver Goldsmith, “Não nos deixemos criar males imaginários, quando sabemos que temos tantos outros reais para enfrentar”. Então...

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