Livro de poemas “Os Ratos Roeram o Azul” do músico César Gilveci, estabelece diálogos com a música e o audiovisual
Após intensa participação na cena Rock mineira, o baterista e letrista da extinta banda Carolina Diz, César Gilvevi , lança seu primeiro livro Os ratos roeram o azul, acompanhado de um cd com poemas musicados.
“Os Ratos Roeram o Azul” é o título do livro no qual César Gilveci, poeta e músico belo-horizontino, transforma em versos questões da vida como perdas e rupturas. São 42 poemas que trazem à tona lembranças reprimidas da infância e desilusões amorosas. “É um livro sobre a destruição do meu passado”, enfatiza o escritor. Além do livro o trabalho gerou parcerias e outras leituras, que incluem música e audiovisual. “Sempre trabalhei com essa ideia da coletividade, desde a época em que co-produzi o Outro Rock (evento que reuniu bandas independentes da cidade em 2009), então chamei várias participações para o processo, porque isso enriquece muito o trabalho”, diz. César Gilcevi transita com habilidade e sensibilidade por poemas repletos de acidez, sutilezas de linguagem, revisitando personagens e imagens confessionais sob o pano de fundo de uma cidade às margens e na penumbra.
Quatorze poemas foram musicados em parceria com bandas como Herói do Mal, Lise e músicos como Franceso Napoly, Renato Boechat, Lício Moisés, Hector Gaete, Pablo Campos e a poetiza Simone Teodoro, além dos vídeos produzidos por Jonathan Tadeu, Paulo Udi, Humberto Teixeira e Maurílio Martins. A produção musical ficou a cargo do próprio César Gilveci, Fred HC (Paralaxe) e Lício Moisés. Livro e disco homônimos serão lançados no dia 24 de junho, às 20h, no Teatro Marília (Av. Alfredo Balena, nº 586, Santa Efigênia, Belo Horizonte). A entrada é franca.
A destruição da beleza
“Grito”, “vômito” são termos usados por César Gilveci para descrever o processo que deu origem aos poemas. “É um livro pesado! Talvez as pessoas se assustem um pouco justamente por isso, mas ele foi concebido num momento de rompimento, de tensão, momento em que eu precisava colocar tudo isso pra fora. É um vômito, e não há como ser politicamente correto nisso. Poesia é muito assim. Você grita e esse grito fica no ar, ressoando, você não tem como controlar isso”, enfatiza.
“Esse azul que foi ruído e destruído de certa forma, que é o azul do belo, refere-se ao período da minha separação, quando vi tudo o que idealizei pra vida ser destruído e, ao mesmo tempo, é o azul também da inocência, das memórias de infância”, diz. Segundo César, as pessoas tem a falta ilusão de que a infância é o território das boas memórias. “Quando você é da periferia isso não existe, então me lembrei do quanto a morte esteve presente na minha vida, desde a mais tenra infância. Todos os meus tios homens morreram, assassinados pela polícia ou por envolvimento com o tráfico”, lembra. O sofrimento ao qual o livro refere-se trata também de amadurecimento, de crescimento interno, a jornada do autoconhecimento que é contínua.
“Depois que você supera algumas questões você se torna alguém muito mais maduro e feliz, ter escrito o livro foi essencial para que eu me restabelecesse”, conclui.
Diálogos
César faz questão de chamar a atenção para a ideia de que não são canções, mas sim o que ele chama de “poemas musicados”. A inspiração veio de trabalhos de artistas como Lou Reed e Gil Scott Heron. “Algumas gravações nasceram do improviso, a exemplo de algumas que fiz com a banda Herói do Mal e tudo fluiu muito bem”, conta. Os vídeos foram produzidos a partir da leitura livre dos envolvidos e serão publicados na página do oficial do livro.
Serviço:
Lançamento do livro e do CD “Os Ratos Roeram o Azul”, de César Gilveci
Onde: Teatro Marília (Av. Alfredo Balena, nº 586, Santa Efigênia, Belo Horizonte)
Quando: 24 de junho/ 20h
Entrada franca
Fonte:Rogério Dias – Aclive Comunicação e projetos