Enquanto o país espera,
o tempo passa!
Por Alessandra Leles
Rocha
Em plena efervescência política no Brasil, a desesperança é
inevitável. Sim, ao mesmo tempo em que há uma necessidade real de colocar um
fim a todas as irresponsabilidades escancaradas através do Mensalão, do
Petrolão e da Operação Lava-Jato (sem contar outras de menor vulto) e dos
próprios descaminhos econômicos do país configurados pelo retorno voraz da
inflação, do desemprego, da paralisia dos setores produtivos, a representatividade
política só pensa em se manter na cadeira.
Nem A, nem B, nem C, ninguém se preocupa com o que realmente
é essencial. O país está imerso na pior de todas as crises econômicas já
enfrentadas e não há quem se prontifique a lutar bravamente para desatar esse
gigantesco nó de marinheiro. Simplesmente, permanecem na mesma práxis, na mesma
troca de favores, na mesma desfaçatez de outrora, fazendo de cada apresentação pública
um palanque, como se a verdade não significasse uma queda livre sem redes de
proteção.
Bem distante das tendenciosidades midiáticas polarizadas, entidades
internacionais ligadas à economia fazem suas análises. Ontem, o Fundo Monetário
Internacional (FMI) divulgou uma previsão de queda de 3,8% do Produto Interno
Bruto (PIB) brasileiro neste ano, o pior desempenho estimado para as maiores
economias do mundo. E para o próximo ano, a expectativa de estagnação espera
variação zero. Ou seja, se algo não for feito no sentido de reformas
estruturais para aumentar a produtividade e a competitividade, se confirmarão
todos os prognósticos de uma década perdida para os brasileiros; o que
significa um arrocho inimaginável.
Mas, isso é apenas o lado macro desse prisma econômico. Porque
no micro, a perversidade conjuntural alcança o fundo do poço, quando impacta
diretamente nos direitos sociais previstos na Constituição de 1988, artigo 6º:
educação, saúde, trabalho, lazer, segurança, previdência social, proteção
materno-infantil e assistência aos desamparados. É quando se faz a pergunta: E agora, José? Quando
o cidadão se reconhece desvalido pela negligência incompetente do Estado é que
ele compreende o tamanho do golpe sofrido por sua credulidade ‘ingênua’. A
fonte seca de repente e as esperanças são ceifadas sem misericórdia.
Afinal de contas, um país falido não tem como suprir as
demandas básicas do cidadão. Não tem como cumprir as liminares da justiça em
favor de leitos de UTI, ou de medicamentos, ou de vagas nas escolas, ou... Não
tem como respaldar a sobrevivência de pais e mães de família desempregados,
cujo seguro-desemprego pago aos trabalhadores demitidos sem justa
causa, é apenas 3 a 5 parcelas. ...Não tem como!
Se não houver uma mudança plena de valores e princípios, a
sociedade brasileira permanecerá eternamente em um “Dilema de Sofia”,
escolhendo sempre entre o que lhe parece ‘menos pior’. E foi agindo desse modo
que o sistema político brasileiro se arrastou pelo tempo, mantendo dinastias e
suas promessas vãs em redutos eleitoreiros devidamente aliciados. Ao mesmo
tempo em que se cristalizavam os pensamentos de uma inoperante, morosa e seletiva
justiça, para justificar a possibilidade dos maus modos, das condenáveis práticas
corruptoras.
Portanto, depois de termos ultrapassado o limite da tal ‘gota
d’água’, não há como fazer ouvidos de mercador ou usar lentes cor-de-rosa. Como
disse a escritora, roteirista, novelista e filósofa
norte-americana, Ayn Rand, “A menor minoria na Terra é o indivíduo.
Aqueles que negam os direitos individuais não podem se dizer defensores das
minorias”. Pense nisso, antes de hastear bandeira para qualquer lado.