Quanto mais tempo
meninas permanecem na escola, mais seus salários aumentam e mais elas investem
em suas famílias, gerando efeitos positivos em toda a sociedade, segundo
autoridades das Nações Unidas e especialistas reunidos em evento organizado
pelo UNFPA e pela ONU Mulheres em Nova York.
Investir em
educação, saúde e direitos reprodutivos das meninas garante um desenvolvimento
sustentável para todos, de acordo com autoridades das Nações Unidas,
representantes governamentais, especialistas e jovens mulheres que se reuniram
no início deste mês em um evento na sede das ONU em Nova York.
Estudos mostram que
quanto mais tempo as meninas permanecem na escola, maiores salários elas obtêm
no futuro e menores são as famílias que escolhem ter. Cada ano de escola
secundária aumenta o salário futuro das meninas em mais de 20%, e quando
mulheres e meninas recebem salário, elas reinvestem 90% dos recursos em suas
famílias – duas ou três vezes mais que os homens.
Falando durante
evento organizado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e pela ONU
Mulheres, o vice-secretário-geral da ONU, Jan Eliasson, disse que não deveria
ser um “ato de coragem” ir à escola, mas, em muitas partes do mundo, as meninas
arriscam suas vidas para isso.
“Uma menina não
deveria ser forçada a se casar tão jovem, quando nem seu corpo está pronto para
a reprodução. Mas muitas são forçadas a se casar quando, na verdade, deveriam
estar estudando”, disse Eliasson. “Adolescentes nunca deveriam entrar em
guerras. Mas sabemos que, em conflitos, as meninas são estupradas com a
intenção de humilhar, desmoralizar e quebrar toda a comunidade”, completou.
Eliasson disse ainda
que meninas que sofrem com pobreza, casamento prematuro, mutilação genital,
abusos e outras formas de violação detêm um grande potencial para o
progresso de seus países e do mundo, lembrando que a ONU tem um
mandato para igualdade de gênero desde o dia em que foi fundada.
“As linhas iniciais
de nossa Carta nos compromete com ‘direitos iguais para homens e mulheres’”,
disse. “E agora temos um novo e monumental impulso para a igualdade com a
Agenda 2030”, declarou.
Os Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável, que englobam essa agenda, trazem o compromisso da
comunidade internacional em dar às meninas as oportunidades que merecem em sua
trajetória para a vida adulta. Eles têm como meta garantir acesso a
informações sobre saúde sexual e reprodutiva, assim como a serviços para
prevenir gravidez indesejada e interromper a disseminação de doenças
sexualmente transmissíveis.
“Complicações na
gravidez ou no parto são uma das principais causas de mortes entre meninas com
idade entre 15 e 19 anos”, disse a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile
Mlambo-Ngcuka. “Meninas que foram alvo de mutilação genital são especialmente
vulneráveis a complicações no parto.”
A diretora-executiva
acrescentou que a ONU Mulheres chamou todos os países a repelir leis
discriminatórias que criem barreiras no acesso de mulheres e meninas a
educação, saúde, trabalhos decentes e salários igualitários.
“Investimentos em
infraestrutura (são necessários) para que as meninas não tenham que faltar à
escola para buscar água potável ou lenha, ou para necessidades de higiene que
não são atendidas nas próprias escolas”, afirmou.
De acordo com o
UNFPA, existem atualmente 600 milhões de meninas com necessidades específicas,
desafios e aspirações, para as quais o bem-estar é fundamental para atingir
objetivos econômicos e sociais.
Grace Gyimah-Boaten,
uma ganense convidada para falar no evento, disse hoje ser médica por ter
crescido em um ambiente favorável que lhe permitiu desenvolver-se.
“Infelizmente, esse não é o caso de milhões de outras adolescentes, e
precisamos mudar isso”, afirmou, acrescentando não haver mais tempo a perder.