Reflexão – renascer em si mesmo
Por Alessandra Leles Rocha
Tantas coisas acontecendo nesse mundo de meu Deus e ainda sinto falta em não reconhecer entre as pessoas uma questão tão básica chamada REFLEXÃO. É como se o “rolo compressor” da vida esmagasse os sentidos dos seres humanos e o pensamento se tornasse uma dor difícil de suportar. A poucas semanas da Páscoa acho profundamente pertinente levantar essa questão; quem sabe alguém mais, em meio à multidão, se compadeça dessa carência e decida abraçá-la com mais vigor e emoção?
O grande dilema se encontra no fato das pessoas quererem a novidade, a felicidade, o lado bom e bonito da vida; mas, sem oferecer nenhuma contraproposta e, independente da religião, páscoa significa renascimento, uma ruptura com velhos hábitos, ideias e comportamentos, uma busca convicta pelo novo que abrigará a nossa felicidade.
Olhamos para os lados e queiramos ou não admitir a realidade parece cada vez mais distante de repousar na alegria da “terra prometida” e da verdadeira “salvação” da humanidade. No pesar dos pratos da balança, o poder e o dinheiro pesam descompensadamente sobre os vislumbres da paz e do bem-estar. Temos agido desumanamente em todas as circunstâncias; colocando-nos prioritariamente sobre as necessidades e os anseios de nossos semelhantes. É como se os instintos nos tivessem rompido as entranhas e se exteriorizado por nosso ser.
Tamanha IRREFLEXÃO ainda é justificada com uma facilidade atroz! A ausência de tempo para conversar consigo mesmo, para ouvir em silêncio o que fala os próprios pensamentos tornou-se palavra de ordem entre os viventes; mas, como explicar tantas horas desperdiçadas na luxúria, na gula, na avareza, na ira, na soberba, na vaidade e na preguiça? O homem transformou-se em produto e meio de seu próprio caos; mas, prefere acreditar que está no ato reflexivo a sua grande confusão.
Temos visto um grande contingente humano se reaproximar cada dia mais dos laços da fé para aplacar as lacunas, as mazelas que consomem suas almas. Pena, que nem todos estejam de fato imbuídos da reflexão que a fé, seja ela qual for, estabelece como princípio básico. Muitos se ajoelham, oram, cantam, mas no íntimo da alma estabelecem “barganhas materiais” ao contrário de uma renovação pessoal; esquecem-se de que o entendimento sobre os mistérios e a força da fé necessita do mais profundo despojamento do “reino dos homens”.
Ora, ora! Quando nos pomos a pensar é que os caminhos se descortinam diante de nossos olhos e a clareza da lucidez nos coloca prontos para enfrentar os desafios e os obstáculos. É no preço do não pensar seja em curto, em médio ou em longo prazo que se acumula a dívida humana. Na imprevidência, na intempestividade, nos arroubos é que se perde a orientação exata sobre o que representa a existência humana. A vida consiste em priorizar, em despender o mínimo de energia para se obter o melhor resultado, em equilibrar o custo e o benefício das decisões; uma simples questão de economia e muito bom senso.
Como disse Chico Xavier, “embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim” 1. O que não refletimos antes já pagamos ou pagaremos as consequências; mas, como não sabemos até onde findará os nossos dias e com eles está uma leva de realizações a serem cumpridas, o melhor que temos a fazer é iniciar agora o exercício da reflexão – não mediante um peso de contrariedade e sim na venturosa alegria do presente que havemos de receber.