Alô!!!
Por Alessandra Leles Rocha
Em hipótese alguma posso discordar que a invenção de Alexander Graham Bell1 é realmente o máximo! O telefone encurtou distâncias, uniu amigos, aproximou amores, mudou os rumos da história, escreveu bons e maus momentos; mas, sobretudo, deu vazão aos sentimentos humanos. Sabemos falar, ora essa! Então, precisamos de todas as “ferrramentas” que nos sejam úteis no desenvolvimento dessa habilidade tão especial.
Em pleno século vinte e um, rodeados pelas maiores novidades tecnológicas em termos de informação e comunicação, o telefone ainda pode ser considerado o “queridinho” da raça humana. Ninguém consegue ficar longe dele por muito tempo!
Do velho e bom “trim-trim” aos mais modernos e refinados sons de toque, basta ele vibrar para o coração disparar em sobressaltos. Telefone tocando e qual será a mensagem? Quem será o interlocutor do outro lado da linha? A surpresa pede passagem e a ansiedade toma conta da gente. Por alguns, ou muitos minutinhos, o telefonema nos propicia sair do ostracismo habitual do cotidiano e mergulhar na interação contagiante de um mundo maior e diferente. Aquela amiga que andava sumida e resolveu dar sinal de vida, a notícia que o bebezinho da vizinha nasceu, a mãe que ligou para avisar sobre a tempestade de vento que se aproxima sem cerimônia, o convite para um jantar romântico com o novo pretendente,... o baú de novidades parece mesmo infinito. Seja para rir ou chorar, o telefone nos catapulta entre o sonho e a realidade num simples “alô”. Ouvir o som da voz de quem está do outro lado pode representar um minuto a menos de solidão para quem vive nos grandes centros urbanos, por exemplo.
E aos que pensam tal privilégio encontrar-se distante de todas as camadas da população, atualmente isso já deixou de ser verdade. O acesso à telefonia é praticamente total no país, incluindo telefonia fixa e celular. Segundo a União Internacional das Telecomunicações, o Brasil é sexto maior mercado do mundo em telefonia celular e atualmente, são 202,94 milhões de aparelhos em uso no Brasil2. Até mesmo os portadores de deficiência auditiva já dispõem de telefones adapatados em vários órgãos públicos para melhor atendê-los. Neste caso, o telefone adaptado é composto por teclado, display para leitura de mensagens enviadas e recebidas e monofone com entrada de voz e o processo de comunicação é feito de duas maneiras. Quando a ligação é feita entre dois portadores de deficiência auditiva que possuem o aparelho, a mensagem é enviada de forma escrita diretamente para o outro lado da linha, que pode ler a mensagem no display do seu telefone. O outro modo de comunicação é feito com a intervenção de um atendente da operadora, que atua quando um dos locutores não possuir o telefone (por exemplo, a pessoa que não possui o aparelho fala a mensagem para a operadora, que a digita e envia imediatamente para o receptor)3.
Tudo bem, que no mundo contemporâneo há quem encontre desculpas em tudo para deturpar o sentido e função das coisas e o telefone, infelizmente, não escapou dessa infelicidade. Trotes, ameaças, violência psicológica (anúncios de sequestro) para extorsão, especialmente no silêncio da madrugada nos tem feito temer ao menor ruído do aparelho. Como em tantas outras formas de violência urbana, as autoridades ainda não conseguiram por fim a essas práticas, nem a proliferação das quadrilhas em ação. Infelizmente, dependendo da gravidade da situação, os telefonemas desse tipo tem levado a óbito quem os atende, ou gerado traumas irreparáveis aos que conseguem sobreviver ao susto.
Mas apesar de certos inconvenientes, o revolucionário equipamento de comunicação auxiliou significativamente o progresso social nos mais diversos níveis (do doméstico ao governamental), sobretudo, no contexto dos meios de produção, onde ele permitiu o desenvolvimento comercial, sem a frequente necessidade de deslocamento geográfico e grandes custos com viagens e estadias. Embora ainda representem uma parcela significativa nas despesas mensais da sociedade, podemos dizer que as tarifas cobradas tiveram uma redução significativa em razão da ampliação das redes de telefonia e sinalizam um ônus menor para investimentos, do que a disponibilização de todo o aparato logístico (incluindo transporte áreo e/ou terrestre) para o trabalhador que precisa atuar em diferentes lugares.
É! Graham Bell ratificou a nossa capacidade de verbalização comunicativa e a globalização nos permitiu fazê-la em muitas outras línguas e dialetos. Distâncias, silêncios eloquentes, sumiços providenciais só existirão se você decidir por eles ou se a vontade de não usar o telefone conseguir te dominar.