Já dizia Benjamin
Franklin, “Tudo o que começa com raiva acaba em vergonha”!
Por Alessandra
Leles Rocha
O desespero total da Direita e
seus matizes; sobretudo, os mais radicais e extremistas, não deixa de trazer
uma certa satisfação, depois de pouco mais de 500 anos de história. Eles estão sim,
descontrolados! Perderam a vergonha, a linha, os bons modos, e o senso do
ridículo! Segundo o dito popular "seria cômico se não fosse
trágico", então, o recente cenário
político brasileiro.
Assim, não é de se espantar que essa
gente venha ocupando os espaços das casas legislativas federais para vociferar o
seu ranço colonial, como se o país ainda vivesse sob a aura da Casa Grande e da
Senzala. Sim, porque em sua maioria, se
comportam como os velhos latifundiários, aqueles das monoculturas de
exportação, contemplados pelas inúmeras benesses tributárias, fiéis adeptos do
escravagismo como forma de mão-de-obra, exercendo sua autoridade patriarcal e a
sua influência política, a fim de ostentar a famigerada luta de classes entre dominadores
e dominados.
E não é que foi exatamente nesses
termos, que se desenrolou a sessão na Comissão de Agricultura da Câmara dos
Deputados, a qual a Ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas foi convocada
a prestar esclarecimentos sobre queimadas e desmatamentos! Mais uma vez, a
incivilidade, a grosseria, o desrespeito, e tantos mais adjetivos couberem, foram
o cartão de visitas apresentado à ela. Extremamente
lamentável; porém, nada que desqualifique ou diminua, uma figura que desfruta
do reconhecimento mundial, quando o assunto diz respeito à sustentabilidade
socioambiental e às mudanças climáticas.
Bem, segundo as Sagradas
Escrituras, "Ninguém é profeta na sua terra"! Pois é, de fato,
não surpreende que seja mais difícil ela obter o reconhecimento, o respeito ou a
credibilidade diante de suas habilidades, competências e talentos, entre
aqueles que a conhecem ou, pelo menos, deveriam conhecer. Vale ressaltar que,
há três dias, o Rei Charles III se reuniu com ela, em Londres, para discutir
propostas para a COP30 ou 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
(Conferência das Partes).
E considerando o largo apreço da
Direita brasileira e seus matizes, pelo ranço colonial, é preciso salientar a
postura do monarca inglês, tendo em vista que, o Império Britânico, durante aproximadamente
414 anos, entre 1583 e 1997, foi o maior império em extensão de terras
descontínuas do mundo, contemplando domínios, colônias, protetorados, mandatos
e territórios governados ou administrados pelo Reino Unido.
Por isso, ele melhor que ninguém
sabe das consequências nefastas que os processos colonialistas e imperialistas,
ao redor do planeta, contribuíram para o conjunto de impactos ambientais
negativos que reverbera, de maneira cada vez mais severa, na contemporaneidade.
Sem contar, o papel da Revolução
Industrial, na segunda metade do século XVIII, alavancada pelos próprios britânicos.
São questões dessa natureza que levaram a
monarquia britânica a se engajar nas discussões globais sobre sustentabilidade
socioambiental e mudanças climáticas, a tal ponto de criar o Prêmio Earthshot 1.
Por sorte, o Brasil dispõe de cidadãs
e cidadãos altamente qualificados técnica e cientificamente, detentores de
mentes brilhantes, como é o caso da Ministra Marina Silva, para dialogar em tão
alto nível, mundo afora, com as maiores autoridades sobre o tema. Enquanto, uns
e outros, enxergam o país pela perspectiva limitada das suas propriedades agrícolas,
o planeta em si, dialoga a partir da reflexão – Passado / Presente / Futuro -,
sem amarras limitantes, retrógradas e/ou negacionistas.
Abster-se de ouvir a Ministra, de
reconhecer o seu conhecimento, de enaltecer a sua longa jornada na área, é uma
escolha que para ela, no fundo, não faz diferença. No entanto, na perspectiva
das relações internacionais e de comércio exterior, pensando a luz dos interesses
de importação e exportação, particularmente, da cadeia do agronegócio, a
estupidez e a ignorância podem ser fatais às tratativas e negociações, em razão
do desalinhamento em relação à pauta verde global.
Vejam, não é o mundo que precisa ceder
aos caprichos equivocados e fora do tempo, por gente como a que esteve na Comissão
de Agricultura da Câmara dos Deputados. Desse modo, quanto à fatídica sessão,
só posso dizer que me lembrei de uma recorrente citação de Ibrahim Sued, a estrela
do colunismo social no Brasil, que adorava dizer: “Os cães ladram e a
caravana passa”. Bons entendedores, entenderão!