domingo, 17 de maio de 2020

19 de maio - Dia mundial de doação de leite humano: Doação de leite materno em tempos de COVID-19!

A Organização Mundial da Saúde afirma que o leite materno é a melhor fonte de nutrição para os bebês, incluindo filhos de mães com suspeita ou confirmadas para a COVID-19. Os benefícios da amamentação superam quaisquer riscos potenciais de transmissão do vírus através do leite materno. Até o presente momento, o vírus que causa a COVID-19 não foi encontrado em amostras de leite humano. O principal risco de contaminação é pelas vias respiratórias de mães infectadas. Neste caso, recomenda-se que mães com COVID-19 amamentem usando máscara facial, cobrindo completamente nariz e boca e lave as mãos por 20 segundos antes de tocar o bebê ou extrair o leite materno.
Para muitas mães que amamentam, a produção excessiva de leite materno está entre os relatos mais frequentes de mamas cheias, o que gera desconforto entre as mamadas. Neste caso, algumas optam por ajudar a salvar vidas com o leite não consumido pelo seu bebê. Em tempos de pandemia, a doação de leite materno continua sendo uma maneira segura de ajudar o próximo. As evidências científicas indicam que bebês prematuros e/ou com patologias que se alimentam de leite humano no período de privação da amamentação possuem mais chances de recuperação e de terem uma vida mais saudável. Com o leite materno, o bebê prematuro ganho pesa mais rápido, se desenvolve com mais saúde e fica protegido de infecções.
Entretanto, é contraindicada a doação de leite materno por mulheres com sintomas compatíveis com síndrome gripal, infecção respiratória ou confirmadas com a COVID-19. A contraindicação é estendida a mulheres que entram em contatos domiciliares com pacientes de síndrome gripal ou casos confirmados de COVID-19.
É importante lembrar que um litro de leite materno doado pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia. A depender do peso do prematuro, um ml já é o suficiente para nutri-lo cada vez que for alimentado. Além disso, a produção de leite humano obedece à lei da demanda, ou seja, quanto mais leite é retirado (para doação ou sugado pelo seu bebê), mais leite é produzido.
A doadora de leite materno é submetida a exames de sangue. Todo o leite doado é analisado, pasteurizado e submetido a um rigoroso controle de qualidade antes de ser ofertado a uma criança, conforme rege a legislação que regulamenta o funcionamento dos bancos de leite humano no Brasil, a RDC Nº 171. Após análises das suas características, o leite é distribuído de acordo com as necessidades específicas de cada recém-nascido internado.
O melhor é que todo o processo de doação de leite materno pode ser feito sem que a doadora precise sair de casa. O Banco de Leite Humano do HC-UFU possui uma equipe que busca o leite materno na casa da doadora seguindo todas as recomendações do Ministério da Saúde. Basta ligar para o número (34) 3218-2666 e solicitar uma visita domiciliar.


Imprensa HCU-UFU
15/05/2020

Dia Mundial de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial: Cuidados com a pressão arterial devem ser redobrados em tempos de Pandemia

No dia 17 de Maio é celebrado o Dia Mundial de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. A data serve para alertar sobre os riscos da doença que, atinge um em cada quatro adultos no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, valores iguais ou superiores a 140 x 90 mmHg são considerados como hipertensão para todo mundo. Os especialistas alertam que na maioria das pessoas a hipertensão é uma doença silenciosa e que pode trazer complicações como acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio e doença renal crônica. Além disso, a hipertensão pode levar a uma hipertrofia do músculo do coração, causando arritmia cardíaca. “A imensa maioria é assintomática. E o primeiro sintoma pode ser um AVC ou um infarto”, explica o cardiologista do Hospital de Clínicas de Uberlândia (HC-UFU), Vilmar José Pereira.
Por isso, a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são muito importantes para evitar complicações e até morte por doenças cardiovasculares.  Pereira destaca que ter um estilo de vida saudável com bons hábitos alimentares e atividade física regular, não fumar, reduzir o consumo de sal e fazer uso de álcool com moderação ajudam a evitar e controlar a doença.
Em tempos de pandemia os cuidados para se evitar a hipertensão devem ser redobrados. Para a Sociedade Brasileira de Hipertensão algumas evidências sugerem que indivíduos hipertensos, principalmente os com doenças cardiovasculares, apresentam maior risco de ter casos mais complicados do novo coronavírus.
O cardiologista explica que neste momento de isolamento social a ansiedade, o medo e o estresse, somados ao sedentarismo e a uma dieta desequilibrada se tornam fatores de risco para alteração dos níveis de pressão arterial. “Agora, é fundamental ter uma dieta saudável, se exercitar em casa, redobrar a atenção com a medicação e tentar controlar os níveis de estresse ”, alerta.
O médico destaca ainda que é preciso ficar atento a sintomas como dor no peito, falta de ar e sudorese, que podem ser indicativos de um infarto, e procurar imediatamente um serviço de saúde. “Em todo o mundo, diminuiu muito o número de pacientes infartados que chegam aos hospitais. As pessoas estão morrendo em casa, porque não procuram um médico ou hospital com medo da pandemia”, afirma. Na dúvida procure uma unidade de saúde ou entre em contato com o seu médico. “No infarto e no acidente vascular cerebral, o tempo é muito importante tanto para o diagnóstico, quanto para o sucesso do tratamento”, ressalta Pereira.  

Assessoria de Imprensa HC-UFU
15/05/2020

segunda-feira, 4 de maio de 2020

A idade é só um rótulo


A idade é só um rótulo





Por Alessandra Leles Rocha







Antes mesmo que maiores detalhes tivessem chegado ao conhecimento público, à primeira iniciativa desencadeada pelas autoridades foi manifestar a importância de se estabelecer maiores cuidados com a população idosa, a qual aparentemente seria a mais vulnerável ao COVID-19; tendo em vista uma maior probabilidade de doenças pré-existentes.  Assim, idosos em todo mundo passaram a ocupar o primeiro grupo de risco nessa Pandemia.  

Muitos de fato vieram a óbito ao longo desses meses; mas, outros promoveram uma importante ruptura de paradigmas científicos em meio aos seus quase centenários anos de vida. O vírus foi bem mais democrático, no que tangem as faixas etárias, do que costuma ser a própria sociedade. Ele simplesmente fez vítimas aleatórias. No entanto, todo esse movimento que se estabeleceu contribuiu para diversas reflexões sociais importantíssimas.

É interessante como a preocupação em torno da vida consegue existir concomitantemente à incapacidade de respeito, valoração e reconhecimento ao processo biológico natural de desenvolvimento humano, ou seja, todo mundo nasce, cresce, envelhece e morre. Estamos sempre a favor da vida, mas com ressalvas bastante resistentes à penúltima etapa dela que diz respeito ao envelhecimento.

Sim, daqui e dali, a sociedade vem tornando a vida um sinônimo da juventude. Bens, produtos e serviços por ela disponibilizados estão basicamente destinados a atender aos interesses da chamada População Economicamente Ativa (PEA) e seus dependentes. Como se após os sessenta ou sessenta e cinco anos, o ser humano deixasse de viver a plenitude dos seus sonhos, desejos, aspirações e conquistas e se transformasse em mero receptor de cuidados e assistencialismos, de certo modo, bastante onerosos. Já percebeu como muitas famílias reclamam de arcar com a contratação de um cuidador, quando necessário; mas, não o fazem diante de uma babá?

A questão é que cada fase da vida humana é uma vida a ser vivida com seus sabores e dissabores, encantos e desencantos; os quais só se descobrem depois de aberto o pacote. E o COVID-19 nos mostrou isso. De onde menos se esperava uma volta por cima da doença, ela surgiu. Dos semblantes e corpos frágeis emergiu uma força vital que surpreendeu muita gente. E não foi à toa. Só quem chega tão longe nessa vida para dar-lhe o devido valor, para lutar com unhas e dentes por cada fiapo de tempo.   

Lamento que exista muita gente por aí, ao contrário de entender o envelhecimento como mais uma etapa, o vendo como uma sentença de fim. Porque para morrer basta estar vivo. Quantos não morrem ao nascer ou antes mesmo? Ou na adolescência? Ou na juventude? Ou na maturidade? Por razões diversas o fim se estabelece e pronto. Finais breves. Finais longos. Ciclos que se encerram à revelia da nossa vontade, do nosso querer.

O triste é quando a própria humanidade faz questão de abreviar o tempo da vida. Criando mecanismos tão perversos para minar as potencialidades, as alegrias, o entusiasmo, os desejos humanos. Invisibilidade. Exclusão. Intolerância. Preconceito. Violência. Abandono. ...são alguns exemplos desse modus operandi que ergue fronteiras intransponíveis entre as pessoas; mas, também, entre faixas etárias.

Fala-se muito da diversidade e da sua representatividade na sociedade; mas, não vejo a consolidação disso visível, especialmente, em relação aos idosos. Não uma diversidade e representatividade idealizada ou estereotipada, contextualizada aos interesses de uns e outros; mas, reais, palpáveis, traduzíveis as expressões identitárias que cruzam o nosso cotidiano. Certamente, trazer essa realidade para o mundo que envelhece, minimizaria muito a dor, o sofrimento e a solidão de milhões de idosos. Aliás, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) serão aproximadamente 2 bilhões de pessoas acima de sessenta anos em 2050.

No entanto, a sociedade vem tentando lhes impingir, cada vez mais, um universo paralelo e limitado. Êpa! Espera aí! Antes de serem idosos, eles são seres humanos! Seus gostos, suas predileções, seus hobbies, suas atividades podem ser quaisquer umas, segundo os seus interesses humanos. Abra os olhos e veja quantos vovôs e vovós por aí, curtindo a vida bem mais do que seus netos e bisnetos. Simplesmente, porque eles estão vivos na expressão mais profunda do que isso significa.

Não nos esqueçamos, também, de que tais limitações é que produzem o acirramento da sua dependência, seja ela familiar econômica ou estatal. Em sua maioria dedicados anos a fio ao trabalho formal ou informal, a sociedade lhes impõe restrições financeiras cruéis na aquisição da aposentadoria. O tempo e a capacidade intelectual dispensada, no final das contas, não se convertem na paga justa e necessária à sua sobrevivência, fazendo de muitos, verdadeiros indigentes sociais na velhice.

Quando buscam equilibrar o jogo e voltar à cena, como protagonistas da sua história, são impedidos ou banidos de conviver e coexistir em todos os espaços sociais. Ou seja, são mais uma vez empurrados para as margens da sociedade, apesar de permanecerem produtivos além do intelecto. Geralmente, as oportunidades que se apresentam configuram-se como subempregos ou subaproveitamento laboral, perdendo o mercado grandes talentos nesse sentido.

Como todo o restante da sociedade, agora eles estão aí enfrentando a Pandemia. Convivendo com as ausências, as carências, as limitações que há tempos, muitos deles, já conhecem bem. Fazendo-se visíveis, quando possível, e procurando dar sua contribuição da melhor forma, dada a vasta experiência que a jornada existencial lhes conferiu.

Um bom exemplo foi de um veterano de guerra inglês, de 99 anos, que conseguiu arrecadar 13 milhões de libras para as instituições de caridade em torno do serviço de saúde público britânico, o NHS. Seu feito incrível foi dar 100 voltas de 25 metros, com um andador, em seu jardim; o que significou dez voltas de cada vez, a serem cumpridas antes do seu aniversário de 100 anos, comemorados no último dia 30 de abril.

Talvez, essa seja, então, uma das mais importantes lições que o envelhecimento distribui de graça a quem quiser, “Para as coisas importantes, nunca é tarde demais, ou no meu caso, muito cedo, para sermos quem queremos. Não há limite de tempo, comece quando quiser. Você pode mudar ou não. Não há regras. Podemos fazer o melhor ou o pior. Espero que você faça o melhor. Espero que veja as coisas que a assustam. Espero que sinta coisas que nunca sentiu antes. Espero que conheça pessoas com diferentes opiniões. Espero que viva uma vida da qual se orgulhe. Se você achar que não tem, espero que tenha a força para começar novamente” (F. Scott Fitzgerald – O Curioso Caso de Benjamin Button).  Afinal, a idade é só um rótulo.