quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Você sabia???


Você sabia???

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

No Brasil, a CORRUPÇÃO, o TRÁFICO DE INFLUÊNCIAS, o NEPOTISMO, a CONEXÃO COM AS FACÇÕES CRIMINOSAS, o DESEJO INCONTIDO POR ANISTIA, a PRIORIZAÇÃO DA LEGISLAÇÃO EM CAUSA PRÓPRIA, ... são frutos de uma mesma árvore.  

Qual seria ela? O Mercantilismo, o sistema econômico predominante na Europa, entre os séculos XV e XVIII, associado ao Absolutismo. Ele se baseava na riqueza do Estado, medida pela quantidade de bens acumulados; bem como, de uma balança comercial favorável, ou seja, exportando mais do que importando, e pela exploração de colônias.

Portanto, ele foi o precursor do capitalismo, de quem herdou a ACUMULAÇÃO DE CAPITAL, a BUSCA PELO LUCRO e a ideia da PROPRIEDADE PRIVADA, adaptando-as a um sistema onde a economia é movida pelo mercado, não pelo Estado.

De modo que o sistema capitalista se desenvolveu através de um processo de reestruturação produtiva, a qual priorizou o capital financeiro em detrimento do capital produtivo. Além disso, na contemporaneidade ele se tornou ainda mais influenciado e fomentado pela globalização e por políticas neoliberais.

Dentro desse contexto, então, ele foi marcado pela expansão do mercado de serviços através da terceirização, pela concentração desigual de capital e renda, pelo desmantelamento do Estado e das políticas de bem-estar social, e pelo uso de formas mais abstratas de riqueza, tais como a informação.

De modo que não é difícil entender as consequências disso: a desigualdade social crescente, a concentração de riqueza por uma minoria da população, a degradação ambiental, a exploração e precarização do trabalho com o aumento do desemprego e da informalidade, a instabilidade econômica, devido às sucessivas crises, e a especulação financeira.

Esse é o ponto para se tecer uma profunda reflexão, ou seja, a concentração desigual de capital / renda e a especulação financeira, porque esses dois aspectos dão o tom exato sobre a falência do modelo capitalista imposto pela Ordem Internacional, que vigora até os dias atuais.

Afinal de contas, esses padrões moldam as relações internacionais, a economia global e a estabilidade mundial, através de uma hierarquia de potências, alianças, instituições e a própria geografia do poder.

No entanto, questões como a globalização, as mudanças climáticas, os deslocamentos migratórios, o empobrecimento populacional, ... vêm impondo a necessidade de reconfigurar essa tal Ordem Internacional, ou seja, o espaço geopolítico.

Veja, enquanto há países que concentram seus esforços exclusivamente para a concentração desigual de capital / renda e a especulação financeira, o modelo de desenvolvimento que se tem é chamado de “capitalismo financeirizado”. 

Para eles, a lógica financeira e a especulação ganham predominância, levando à concentração de capital e renda, a um foco no imediatismo do curto prazo e ao aumento da dívida pública.

Assim, o desenvolvimento desses países se torna marcado pela valorização das atividades especulativas em detrimento do capital produtivo; bem como, pela pressão sobre a produção e o trabalho.

Sem contar que esse sistema impulsiona a concentração de capital nas mãos de poucos, aumentando a desigualdade econômica e afetando de forma negativa a economia real e o bem-estar da população.

Por essas e por outras, a China emerge, então, como um exemplo de liderança para uma Nova Ordem Internacional. A partir do final da década de 1970, Deng Xiaoping, líder supremo da República Popular da China, naquela ocasião, construiu um conjunto de políticas, visando modernizar a economia chinesa e integrá-la ao mercado global, permitindo a ascensão do sistema produtivo industrial e o aumento da produção de bens de consumo.

Assim, através da combinação de reformas de mercado, aberturas para investimentos estrangeiros, tais como as Zonas Econômicas Especiais, os investimentos massivos em infraestrutura, pesquisa e desenvolvimento, além de uma política estatal de direcionamento de crédito para setores estratégicos, o país atraiu capital e tecnologia para consolidar sua posição como potência econômica.

Diante disso, as repercussões sociais do capital produtivo na China refletiram a redução drástica da pobreza extrema, o aumento da renda de uma parcela significativa da população, a criação de uma sociedade de classes, apesar do controle estatal significativo sobre setores estratégicos e, uma significativa mobilidade social através de migrações do campo para as cidades.

Também é preciso destacar que o aumento do investimento público e privado no desenvolvimento educacional, resultou na expansão do ensino compulsório e no acesso à educação superior, embora tenha sido inevitável a ocorrência de proeminente aumento da desigualdade regional e social; pois, com a implementação do modelo de capital produtivo, houve grande disparidade de padrões de vida entre áreas urbanas costeiras ricas e regiões rurais mais pobres e menos desenvolvidas.

No entanto, tem sido interesse do governo chinês buscar o direcionamento de investimentos para as regiões mais pobres e desfavorecidas a fim de estimular um crescimento mais equilibrado e reduzir as disparidades.

Várias estratégias para reduzir a desigualdade social e regional, incluindo a eliminação da pobreza extrema com programas agrícolas e de reflorestamento, investimentos massivos em educação e assistência social, e realocação de populações em risco, têm sido colocadas em prática, ao longo dos anos.

Bem, o que a China busca é um tipo de "prosperidade comum", através da pressão regulatória sobre grandes empresas de tecnologia, para que contribuam para programas sociais e a busca pelo desenvolvimento de uma economia mais inclusiva.

Entretanto, a presença de desafios é inevitável. Um exemplo é o sistema de residência (hukou), que estabelece uma forte assimetria entre os residentes urbanos e os migrantes, que não têm o mesmo acesso a serviços e direitos; embora, não se possa negar que ele controla o movimento da população e mantém a estabilidade em áreas urbanas, contribuindo, de algum modo, para o desenvolvimento econômico chinês.

Feitas essas considerações, o que está posto para uma análise dos (as) brasileiros (as), então, é que o capital produtivo apresenta um padrão de desenvolvimento muito mais sólido para as demandas contemporâneas.

Afinal de contas, ele está diretamente ligado à criação de bens e serviços, os quais são capazes de impulsionar a economia real, gerando emprego, desenvolvimento humano e crescimento sustentável.

De modo que permanecer alienado pelo capital especulativo, obediente às velhas práxis que sustentaram a Ordem Internacional até aqui, focando em operações de curto prazo e lucros rápidos no mercado financeiro, significa expor-se voluntariamente ao risco da volatilidade, da desaceleração, da redução da produtividade e da susceptibilidade às crises, serve somente ao capricho da acumulação de capital, por uma ínfima minoria da população.

Sendo assim, o que o desenvolvimento contemporâneo espera do mundo é que, cada país, seja capaz de gerar riqueza através da produção de bens e serviços, impulsionar a inovação e o progresso técnico-científico, fornecer meios de produção e difundir tecnologia, fomentar emprego e renda ao participar de todas as cadeias produtivas.

Em suma, tudo isso significa exercer um efeito multiplicador na economia, no sentido de ampliar o mercado interno e externo; bem como, gerar condições para a melhoria do bem-estar socioambiental da sua população. Ora, para que exista progresso, desenvolvimento, é preciso de gente, em toda a sua diversidade e pluralidade! É, seres humanos importam!

Desse modo, é preciso que o Brasil se desapegue do seu ranço colonial e do seu ideário retrógrado, para respirar novos ares e se conectar com a nova realidade que se impõe ao mundo contemporâneo. Essa é a hora de o país abandonar a sabujice, a subserviência, o vira-latismo, para experenciar o DESENVOLVIMENTO pela via do CAPITAL PRODUTIVO.