Você
sabia???
Por Alessandra
Leles Rocha
No Brasil, a CORRUPÇÃO, o TRÁFICO
DE INFLUÊNCIAS, o NEPOTISMO, a CONEXÃO COM AS FACÇÕES CRIMINOSAS, o DESEJO
INCONTIDO POR ANISTIA, a PRIORIZAÇÃO DA LEGISLAÇÃO EM CAUSA PRÓPRIA, ... são
frutos de uma mesma árvore.
Qual seria ela? O Mercantilismo,
o sistema econômico predominante na Europa, entre os séculos XV e XVIII,
associado ao Absolutismo. Ele se baseava na riqueza do Estado, medida pela
quantidade de bens acumulados; bem como, de uma balança comercial favorável, ou
seja, exportando mais do que importando, e pela exploração de colônias.
Portanto, ele foi o precursor do
capitalismo, de quem herdou a ACUMULAÇÃO DE CAPITAL, a BUSCA PELO LUCRO e a
ideia da PROPRIEDADE PRIVADA, adaptando-as a um sistema onde a economia é
movida pelo mercado, não pelo Estado.
De modo que o sistema capitalista
se desenvolveu através de um processo de reestruturação produtiva, a qual
priorizou o capital financeiro em detrimento do capital produtivo. Além disso, na
contemporaneidade ele se tornou ainda mais influenciado e fomentado pela
globalização e por políticas neoliberais.
Dentro desse contexto, então, ele
foi marcado pela expansão do mercado de serviços através da terceirização, pela
concentração desigual de capital e renda, pelo desmantelamento do Estado e das
políticas de bem-estar social, e pelo uso de formas mais abstratas de riqueza, tais
como a informação.
De modo que não é difícil entender
as consequências disso: a desigualdade social crescente, a concentração de
riqueza por uma minoria da população, a degradação ambiental, a exploração e
precarização do trabalho com o aumento do desemprego e da informalidade, a
instabilidade econômica, devido às sucessivas crises, e a especulação
financeira.
Esse é o ponto para se tecer uma profunda
reflexão, ou seja, a concentração desigual de capital / renda e a especulação
financeira, porque esses dois aspectos dão o tom exato sobre a falência do
modelo capitalista imposto pela Ordem Internacional, que vigora até os dias
atuais.
Afinal de contas, esses padrões
moldam as relações internacionais, a economia global e a estabilidade mundial,
através de uma hierarquia de potências, alianças, instituições e a própria
geografia do poder.
No entanto, questões como a
globalização, as mudanças climáticas, os deslocamentos migratórios, o
empobrecimento populacional, ... vêm impondo a necessidade de reconfigurar essa
tal Ordem Internacional, ou seja, o espaço geopolítico.
Veja, enquanto há países que concentram
seus esforços exclusivamente para a concentração desigual de capital / renda e
a especulação financeira, o modelo de desenvolvimento que se tem é chamado de “capitalismo
financeirizado”.
Para eles, a lógica financeira e
a especulação ganham predominância, levando à concentração de capital e renda,
a um foco no imediatismo do curto prazo e ao aumento da dívida pública.
Assim, o desenvolvimento desses
países se torna marcado pela valorização das atividades especulativas em
detrimento do capital produtivo; bem como, pela pressão sobre a produção e o
trabalho.
Sem contar que esse sistema impulsiona
a concentração de capital nas mãos de poucos, aumentando a desigualdade
econômica e afetando de forma negativa a economia real e o bem-estar da
população.
Por essas e por outras, a China emerge,
então, como um exemplo de liderança para uma Nova Ordem Internacional. A partir
do final da década de 1970, Deng Xiaoping, líder supremo da República Popular
da China, naquela ocasião, construiu um conjunto de políticas, visando modernizar
a economia chinesa e integrá-la ao mercado global, permitindo a ascensão do
sistema produtivo industrial e o aumento da produção de bens de consumo.
Assim, através da combinação de
reformas de mercado, aberturas para investimentos estrangeiros, tais como as
Zonas Econômicas Especiais, os investimentos massivos em infraestrutura,
pesquisa e desenvolvimento, além de uma política estatal de direcionamento de
crédito para setores estratégicos, o país atraiu capital e tecnologia para
consolidar sua posição como potência econômica.
Diante disso, as repercussões
sociais do capital produtivo na China refletiram a redução drástica da pobreza
extrema, o aumento da renda de uma parcela significativa da população, a
criação de uma sociedade de classes, apesar do controle estatal significativo
sobre setores estratégicos e, uma significativa mobilidade social através de
migrações do campo para as cidades.
Também é preciso destacar que o
aumento do investimento público e privado no desenvolvimento educacional,
resultou na expansão do ensino compulsório e no acesso à educação superior,
embora tenha sido inevitável a ocorrência de proeminente aumento da
desigualdade regional e social; pois, com a implementação do modelo de capital
produtivo, houve grande disparidade de padrões de vida entre áreas urbanas
costeiras ricas e regiões rurais mais pobres e menos desenvolvidas.
No entanto, tem sido interesse do
governo chinês buscar o direcionamento de investimentos para as regiões mais
pobres e desfavorecidas a fim de estimular um crescimento mais equilibrado e
reduzir as disparidades.
Várias estratégias para reduzir a
desigualdade social e regional, incluindo a eliminação da pobreza extrema com
programas agrícolas e de reflorestamento, investimentos massivos em educação e
assistência social, e realocação de populações em risco, têm sido colocadas em
prática, ao longo dos anos.
Bem, o que a China busca é um
tipo de "prosperidade comum", através da pressão regulatória sobre
grandes empresas de tecnologia, para que contribuam para programas sociais e a
busca pelo desenvolvimento de uma economia mais inclusiva.
Entretanto, a presença de
desafios é inevitável. Um exemplo é o sistema de residência (hukou), que
estabelece uma forte assimetria entre os residentes urbanos e os migrantes, que
não têm o mesmo acesso a serviços e direitos; embora, não se possa negar que ele
controla o movimento da população e mantém a estabilidade em áreas urbanas, contribuindo,
de algum modo, para o desenvolvimento econômico chinês.
Feitas essas considerações, o que
está posto para uma análise dos (as) brasileiros (as), então, é que o capital
produtivo apresenta um padrão de desenvolvimento muito mais sólido para as
demandas contemporâneas.
Afinal de contas, ele está
diretamente ligado à criação de bens e serviços, os quais são capazes de
impulsionar a economia real, gerando emprego, desenvolvimento humano e
crescimento sustentável.
De modo que permanecer alienado
pelo capital especulativo, obediente às velhas práxis que sustentaram a Ordem
Internacional até aqui, focando em operações de curto prazo e lucros rápidos no
mercado financeiro, significa expor-se voluntariamente ao risco da volatilidade,
da desaceleração, da redução da produtividade e da susceptibilidade às crises, serve
somente ao capricho da acumulação de capital, por uma ínfima minoria da população.
Sendo assim, o que o desenvolvimento
contemporâneo espera do mundo é que, cada país, seja capaz de gerar riqueza
através da produção de bens e serviços, impulsionar a inovação e o progresso
técnico-científico, fornecer meios de produção e difundir tecnologia, fomentar
emprego e renda ao participar de todas as cadeias produtivas.
Em suma, tudo isso significa exercer
um efeito multiplicador na economia, no sentido de ampliar o mercado interno e
externo; bem como, gerar condições para a melhoria do bem-estar socioambiental
da sua população. Ora, para que exista progresso, desenvolvimento, é preciso de
gente, em toda a sua diversidade e pluralidade! É, seres humanos importam!
Desse modo, é preciso que o
Brasil se desapegue do seu ranço colonial e do seu ideário retrógrado, para respirar
novos ares e se conectar com a nova realidade que se impõe ao mundo contemporâneo.
Essa é a hora de o país abandonar a sabujice, a subserviência, o vira-latismo, para
experenciar o DESENVOLVIMENTO pela via do CAPITAL PRODUTIVO.