segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Escolhendo a vergonha ...


Escolhendo a vergonha ...

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

O Brasil está sob uma transformação profunda, quase uma reescrita da sua historicidade, no âmbito de aspectos coloniais efetivamente nefastos. Entretanto, apesar de surpreendente, tais mudanças enfrentam uma resistência estúpida, por parte de certos indivíduos. É o caso, por exemplo, da Câmara dos Deputados.  

Relembrando que, historicamente, o mundo já assistiu à formação de uma organização política que substituiu o parlamento por uma instituição corporativa na Itália fascista, temos no Brasil um desenho semelhante a se configurar em relação a esse tipo de corporativismo.

Enquanto "espírito de grupo", de cooperação entre indivíduos e setores, esses (as) parlamentares buscam pela defesa aguerrida de seus privilégios, regalias e poderes; por isso, resistem à cassação de parlamentares flagrantemente envolvidos em atos disruptivos ao ordenamento jurídico brasileiro.

É, lamentável que o Congresso nacional venha se permitindo escolher a vergonha, a mais completa e absoluta falta de decoro, demonstrada por atos absurdamente incompatíveis ao exercício parlamentar. Mas, a Câmara dos Deputados aceitar que um de seus pares permaneça reiterando o cometimento de crime de lesa-pátria é inadmissível! É a desmoralização total da referida Casa legislativa!  

Ao se omitir de aplicar a cassação de mandato a qualquer parlamentar que venha praticar, publicamente, atos gravemente prejudiciais à soberania brasileira, traindo de maneira absoluta seu país de origem e com grandes danos econômicos a ele, a Câmara dos Deputados, de certa forma, rasga o seu compromisso constitucional de defender os interesses do Brasil, escondendo-se sob o manto vulgar e abjeto do corporativismo.

Esse é sim, um fato repugnante, desprezível, pois extrapola a si mesmo, na medida em que envolve gastos vultosos de dinheiro público. Diante do fato de não ter renunciado e de sua licença das atividades parlamentares ter expirado, o referido deputado permanece recebendo um salário bruto mensal de R$ 46.366,19, acrescido de verbas como a Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), a qual varia por estado, e outras ajudas de custo para despesas relacionadas ao mandato, enquanto trai e conspira contra o Brasil em território estrangeiro.

Além disso, para conter os efeitos desastrosos e altamente prejudiciais decorrentes do seu crime de lesa-pátria contra a economia nacional, já foram gastos pelo Brasil em torno de R$ 30 bilhões. Dinheiro que poderia estar sendo investido em benefício do próprio desenvolvimento do país e de sua população; mas, precisou ser destinado a impedir consequências ainda piores, oriundas do atrito diplomático gerado pelo tal deputado.

Bem, ao escolher essa vergonha, institucionalizada pelo silêncio e omissão do corporativismo político, a Câmara dos Deputados sinaliza compactuar com o crime de lesa pátria e suas consequências. Sinaliza que garantir o poder, a qualquer preço, está sim, acima das obrigações e dos deveres constitucionais. De modo que ela escreve um capítulo deplorável no registro da sua historicidade, no que diz respeito ao seu exercício ético e moral.

Já dizia Rui Barbosa, político, diplomata, advogado e jurista brasileiro, “A justiça atrasada não é justiça; senão injustiça qualificada e manifesta”. Daí a necessidade dos (as) cidadãos (as) brasileiros (as) de prestar bastante atenção ao seguinte aspecto: “Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam com a outra, antes se negam, se repulsam mutuamente. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada” (Rui Barbosa).