Respeitável
público!!!
Por
Alessandra Leles Rocha
Precisamos refletir sobre os
dantescos espetáculos 1 que
atravessam a recente historicidade brasileira, promovidos pela Direita e seus
matizes, na tentativa de controlar e manipular a opinião pública a fim de
desviar o foco do que realmente importa ao país.
Desde que foi lançado em 2020, o
Pix - sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central do Brasil –
tem sido usado de forma apelativa, por inúmeros figurões da política nacional,
para arrecadar recursos, com o objetivo de saldar dívidas processuais junto ao
judiciário nacional.
Vamos e convenhamos que essa
prática é repugnante. Elementos político-partidários se fazendo de vítima,
junto aos seus simpatizantes e seguidores, é sim, de revirar o estômago.
Distantes, anos luz, da realidade orçamentária, conhecida por aproximadamente 90%
da população brasileira, essa gente vive sob o guarda-chuva de regalias e privilégios
históricos nababescos. Imóveis e carros de alto luxo. Investimentos no
exterior. Criação de gado e outras atividades do agronegócio. Enfim... Tudo o
que não podem alegar é falta de recursos.
Afinal, eles existem a partir do
contexto de uma realidade paralela, a qual têm como objetivo fundamental a sua
preservação nesse microssistema. Tal qual fizeram outros tantos, quando o
Brasil ainda era Colônia de Exploração da Metrópole portuguesa. São verdadeiros
acumuladores de bens e capitais. Fazem de um tudo para garantir mais e mais
recursos e assim, poderem dar as cartas nas mesas do poder. Como escreveu
Michel Foucault, em sua obra A microfísica do poder, de 1978, “Vivemos em
uma sociedade que em grande parte marcha 'ao compasso da verdade' – ou seja,
que produz e faz circular discursos que funcionam como verdade, que passam por
tal e que detêm, por esse motivo, poderes específicos".
Por isso, é tão desolador
perceber que parte da população brasileira ainda se sensibilize diante das
chamadas “lágrimas de crocodilo” e contribua para o malfadado Pix.
Especialmente, quando tramita no Congresso Nacional a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 8/25, que acaba com a escala de trabalho 6x1 e prevê a duração
do trabalho não superior a 8 horas diárias e 36 horas semanais.
O assunto enfrenta enorme e
maciça resistência do corpo político-partidário de Direita; bem como, de seus
apoiadores e simpatizantes. Nada mais nada menos do que a velha e rançosa
assimetria do alinhamento político-ideológico, nos espaços de poder, a fim de
favorecer a manutenção de certos interesses, regalias e privilégios, como
prioridade absoluta.
Respeitável público, bem-vindo ao
circo dos horrores! Em apresentações diárias, pelos mais diversos veículos de
informação e de comunicação, os dantescos espetáculos dão conta do grau de
permissividade, o qual a ética e a moral sobrevivem no Brasil. O que significa,
pelo menos em tese, a obviedade de que as elites continuam no topo da pirâmide
social, tendo em suas mãos o poder de decidir, escolher, determinar,
estabelecer, legislar, sobre o país e seus cidadãos. De modo que essa estrutura
de poder, que vem sendo repassada de geração em geração, agora, na contemporaneidade,
tem se reafirmado, especialmente,
através dos movimentos do legislativo federal,
por meio de ações e/ou omissões.
Por essas e por outras é que vale não se esquecer da seguinte reflexão de Marilena Chauí, filósofa brasileira e professora de Filosofia Moderna na Universidade de São Paulo, “(…) o mentiroso tem a grande vantagem de saber de antemão o que a plateia espera ouvir. Ele prepara sua história com muito cuidado para consumo público, de modo a torná-la crível, já que a realidade tem o desconcertante hábito de nos defrontar com o inesperado para o qual não estamos preparados”. Desse modo, como em todo espetáculo, “As pessoas sabem aquilo que elas fazem; frequentemente sabem por que fazem o que fazem; mas o que ignoram é o efeito produzido por aquilo que fazem” (Michel Foucault - filósofo, teórico social, filólogo e crítico literário francês).