O que querem
as mulheres???
Por Alessandra
Leles Rocha
O que querem as mulheres? Decidi começar
a minha reflexão por essa pergunta; pois, ela me causa um profundo desconforto.
Paira no ar uma sensação de materialismo, como se as mulheres fossem despojadas
da sua natureza humana e, portanto, só pudessem almejar pelo material.
Entretanto, tal perspectiva
destoa completamente da realidade. Basta um pouco de atenção, para descobrir
que respeito pode sim, ser o ponto de partida para se conhecer as ambições
femininas. São tantas as camadas que
revestem o desrespeito às mulheres, que nada mais faz sentido.
O pior é que estamos tratando de
uma questão histórica. Ao serem objetificadas, desde sempre, as mulheres foram alijadas
da sua condição humana para serem tratadas como um bem de natureza material da
família. Sem direito a vez e a voz. Aviltadas na sua dignidade. Parte, então,
desse desrespeito, um processo de reverberação das violências, ou seja, física,
psicológica, moral, sexual e patrimonial.
A ausência, cada vez mais
frequente, de respeito às mulheres é decorrência de um padrão comportamental replicado
ao longo das gerações. E a razão disso acontecer é simples. A objetificação não
só silenciou a mulher, como obstaculizou a sua participação social em pé de
igualdade com os homens. Assim, eles não precisavam dividir os espaços de poder
com as mulheres.
Diante desse processo de lançá-las
à condição de objeto, de coisa, eles puderam garantir o seu status quo na
sociedade. Contudo, essa realidade veio sofrendo transformações profundas ao
longo do tempo. Lenta e gradativamente, as mulheres vêm se apropriando do seu
protagonismo, da sua identidade, e ampliando a sua participação na dinâmica do
mundo.
Acontece que esse processo não
chegou distante das tensões e das insatisfações masculinas. Aceitar tais
mudanças parece incômodo demais para muitos. De modo que o desrespeito ganhou
contornos mais exacerbados, em plena contemporaneidade. Tudo o que as mulheres
se propõem a realizar é submetido a um nível de escrutínio público, altamente
extenuante. Há sempre um senão. Elas dificilmente são reconhecidas no seu
talento, na sua competência, na sua capacidade.
E para isso, são utilizadas estratégias
diversas de invisibilidade, de desqualificação, de inferiorização, de
preconceito. Como se pudessem construir justificativas que ofuscassem quaisquer
possibilidades de contestação por desrespeito. Ora, o desrespeito não se apaga
dos contextos. Ele não desaparece por mera justificativa. Porque ele se
multiplica indiscriminadamente na sociedade. São milhares de casos por dia.
Não é à toa que o assédio moral,
sexual e/ou psicológico, nos mais diferentes ambientes da sociedade, dão
materialidade ao desrespeito às mulheres. O que significa que, apesar de todos os
seus esforços e lutas para se tornarem protagonistas da sua história, na
verdade, elas permanecem tão objetificadas quanto no tempo das cavernas. Sim,
porque as violências contemporâneas não são menos ofensivas e brutais.
Infelizmente, “Temos um mundo
cheio de mulheres que não conseguem respirar livremente porque estão
condicionadas demais a assumir formas que agradem aos outros” (Chimamanda
Ngozi Adichie). Em uma tentativa desesperada de evitar o desrespeito e suas
terríveis consequências. Contudo, isso não adianta. Nem tampouco muda o fato de
que “A pessoa mais qualificada para liderar não é a pessoa fisicamente mais
forte. É a mais inteligente, a mais culta, a mais criativa, a mais inovadora. E
não existem hormônios para esses atributos” (Chimamanda Ngozi Adichie).
Ah, não se engane em pensar que o
desrespeito só chega pelas mãos dos homens! O desrespeito também aponta para a
falta de sororidade, ou seja, o sentimento que une mulheres por uma rede de
solidariedade, empatia, proteção e companheirismo. Muitas não se dão conta de
que “A linguagem é o repositório de nossos preconceitos, de nossas crenças,
de nossos pressupostos” (Chimamanda Ngozi Adichie), e saem, por aí, legitimando
o discurso de certos homens.
Por isso, o melhor presente para uma mulher é o respeito. 365 dias por ano. Um respeito comunicado em atos e palavras. Um respeito que abraça, que acolhe, que a faz sentir importante. Um respeito que nutre as suas emoções e sentimentos. Lembre-se de que “Nada é mais depreciável que o respeito baseado no medo” (Albert Camus). Já dizia Santo Agostinho, “Na essência somos iguais, nas diferenças nos respeitamos”; visto que, não há razão para não ser assim.