quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Os pinóquios contemporâneos


Os pinóquios contemporâneos

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

Segundo o provérbio “Prevenir é melhor do que remediar”! E de mamando a caducando, todos já deveriam saber disso! Acontece que, em plena contemporaneidade, a sanha em esticar a corda, para ver o malfeito emergir, anda solta por aí.  Sobretudo, quando assunto é de natureza político-partidária. O recente imbróglio que colocou o PIX no centro do falatório nacional, dá bem a dimensão do problema.

Não é preciso dizer, que esses são tempos de Fake News, de manipulação e distorção de conteúdos, de criações diversas por Inteligência Artificial (I.A.), enfim. Instrumentos que não fazem parte do cotidiano desse ou daquele grupo social; mas, de todos. Seja de forma direta ou indireta. Sendo assim, diante da gravidade das repercussões e desdobramentos de tais práticas, não se pode permitir que a classe política brasileira utilize do argumento da sua atribuição parlamentar para promoção e divulgação de inverdades.

Há aproximadamente uma década, a escalada de notícias falsas vem acontecendo, no país, e interferindo no equilíbrio das relações sociais, sob diferentes vieses, sem que medidas jurídicas sejam tomadas a contento e na velocidade necessária. Recentemente, nas eleições municipais, em 2024, o Brasil assistiu a um verdadeiro festival de absurdos, nesse contexto, sem que uma atitude contundente e responsável, por parte dos Tribunais Regionais Eleitorais, ocorresse.

Temos que concordar que a inação é uma licença para a permissividade. Se nem mesmo o período eleitoral foi capaz de frear os arroubos desse desvirtuamento ético tecnológico, o que se pode esperar? Sim, porque ao estabelecer uma prerrogativa de distinção que obstaculiza a responsabilização dos ocupantes dos cargos representativos do poder político, sobre a disseminação de Fake News ou de manipulação e distorção de conteúdos, por exemplo, abre-se um precedente no princípio da igualdade cidadã. Afinal, todos não são iguais perante a lei?!

De modo que esse comportamento permissivo fragiliza diretamente o Estado Democrático de Direito; bem como, a identidade cidadã. É preciso lembrar que esse tipo de atitude já nasce a luz do ilícito, da má intenção, do prejuízo social. Ninguém mente, distorce, inventa, em nome do altruísmo! Dentre tantas más intenções a povoar o cérebro dessa máquina da maldade contemporânea estão as políticas do medo, do ódio, da violência, da segregação, idealizadas por verdadeiros lobos em peles de cordeiro.

Bom, não é difícil que eles consigam êxito, tendo em vista a própria realidade contemporânea. A humanidade está cada vez mais à mercê da própria sorte, sem algum elemento que lhe restitua a sensação de segurança social. Portanto, ela está frágil, vulnerável, susceptível aos discursos inflamados e manipuladores, que lhes soam como ecos de sua própria consciência. Então, elas se rendem, crédulas àquelas palavras que ressoam em sua alma atormentada.

Daí a necessidade de se questionar a responsabilidade do Judiciário brasileiro, em todas as suas instâncias, em relação ao conjunto de atos ilícitos praticados por gente que defende o fomento e à disseminação de Fake News, de manipulação e distorção de conteúdos, de criações diversas por Inteligência Artificial (I.A.). Já passou da hora de cortar o mal pela raiz! Não se pode esquecer que o poder também é exercido pela influência, pelo exemplo, de modo que os responsáveis por essa onda de desinformação e de alienação social, precisam ser contidos pelos limites da Justiça.

A fim de que a população, em geral, entenda que o mundo tecnológico também é regido por leis, e ninguém está acima delas. Sem controle, sem limites, essa situação pode resultar em situações graves e irremediáveis. Porque não se pode dimensionar o grau de impacto de uma Fake News ou de uma manipulação e distorção de conteúdos sobre a população, na sua totalidade ou não. Quem nunca ouviu falar sobre uma transmissão de rádio, em 1938, pela Columbia Broadcasting System (CBS), nos EUA, que levou preocupação e pânico aos milhões de ouvintes daquela rádio 1? E nem eram os tempos das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), como agora!