quarta-feira, 5 de julho de 2017

"Qualquer coisa é bela se vista de uma forma diferente". Coco Chanel

Olhe por trás do rótulo...


Por Alessandra Leles Rocha


Identificados por números, nomes, apelidos e adjetivos, vez por outra, nada amistosos, assim caminham os seres humanos. Sob a marca de rótulos e mais rótulos os dias passam e fazem a humanidade se esquecer de que por trás deles pulsa um coração.
É certo que somos diferentes, únicos em nossa espécie. No entanto, somos humanos e, como tal, regidos pela razão e pela sensibilidade; assim como, por demandas comuns de sobrevivência. Em nome da nossa aceitação social, buscamos o reconhecimento pelo o que existe de mais profundo em nosso ser. Quando somos medidos, pesados e julgados na periferia de nossa aparência ou, quem sabe, uma primeira impressão, retiram arbitrariamente de nós o direito de sermos quem somos.
Pensemos ou não a respeito, é assim que se constroem o preconceito e a intolerância. Baseando-se no mais absurdo critério de subjetividade, alguém aponta os defeitos (ou raramente possíveis qualidades) em uma pessoa; mas, ao usar esse pretexto inicia-se um rito de inferiorização, menosprezo e invisibilidade do outro. Logo surgem seguidores dessa aclamação sem propósito e o processo ganha vulto incomensurável.
Longe de poder atribuir esse comportamento antissocial aos valores da contemporaneidade, sejamos honestos para admitir que ele sempre esteve presente na humanidade, como um traço deletério de nossa raça. Usamos rótulos para nos distinguir como se quiséssemos de fato nos diferenciar de nossos pares.
Mas, quando observamos a realidade atual percebemos que o uso desse artificio é incapaz de ocultar um desejo de ser exatamente como uns e outros. Por mais cruel e nociva que nossa metralhadora insultante de rótulos possa aparentar, apontamos o que representa o nosso objeto de cobiça. Nesse sentido, então, a tecnologia só fez ampliar as manifestações desse traço.
Por isso, a importância da reflexão sobre esse assunto. Por que os rótulos nos importam mais do que o ser humano em si? Será que estamos tão desprovidos de essência para precisar nos apegar nisso? São tantos rótulos, que temos deixado de perceber que a bondade ainda é maioria; assim como, tantas outras virtudes. Temos nos inebriado pelos encantos da casca, quando a manutenção da vida está na semente que ela esconde.
São tantas trocas de amabilidade meticulosamente estratégica, tanta indiferença proposital, tanta manipulação de resultados, tanta coisa para não se orgulhar... Assim caminha a humanidade. Desconfigurando a verdade, os princípios, a sensatez, a lógica e o bom senso. E se perguntarmos qual a razão de tudo isso, nem ela mesma sabe responder; pois, já se rendeu a uma subserviência bovina que anula qualquer reflexão.
E quanto mais se persegue a aceitação da sociedade, mais rótulos se adquirem na contrapartida dessa realização. Por isso, tanta frustração, tanto ódio destilado, tanta loucura disseminada, tantas atitudes sem explicação. Os rótulos sufocam tanto a nossa essência que ela acaba por sucumbir e nos transformar em massa disforme, sem sinais remotos de que ali algum dia existiu um ser humano.   

Como dizia Coco Chanel, “Não importa o lugar de onde você vem. O que importa é quem você é! E quem você é? Você sabe?”; portanto, não se renda aos rótulos, não se deixe violentar por eles, seja você. Sempre. Em qualquer situação. 

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