sábado, 25 de agosto de 2012

Para refletir!!!


Quanto vale a vida?


Por Alessandra Leles Rocha



Quanto vale a vida? Por mais impactante que a pergunta possa nos parecer, acima de quaisquer polêmicas religiosas, éticas ou morais, trata-se de uma questão a ser refletida com muita seriedade e objetividade; especialmente em tempos onde a violência estúpida e irracional teima em afrontar com cinismo a todos os viventes.
Muitas são as hipóteses a tentar respaldar, ou até mesmo justificar, o motivo da exacerbação da violência na sociedade contemporânea: questões sociais, econômicas, culturais, políticas, emocionais, comportamentais... Em muitos casos, particularmente considero, uma busca desesperada por se justificar o injustificável, tamanho o absurdo dos fatos e a plena convicção de que, enquanto, seres racionais sabemos muito bem diferenciar o Bem e o Mal.
Atribuir tudo aos ombros da impunidade, também me parece falho. Ela tem sim o seu peso na recorrência dos episódios e na disseminação da violência entre a sociedade; mas, não se caracteriza por si só como estopim. Há uma vontade, um querer incontrolável, uma fúria indomesticada que impede de se pensar na vida tanto do ponto de vista individual quanto coletivo; o nivelamento do matar e do morrer a um mesmo grau de insignificância.
Todo aquele primitivismo, o qual bem explica e tece interpretações a ciência sobre o Homo sapiens, ao meu modo de ver não parece se relacionar com o que exibe a sociedade contemporânea. O bárbaro primitivo sobrepunha a força frente ao racional em busca de defender a sua sobrevivência, as suas necessidades básicas, “olho por olho, dente por dente”; já o bárbaro contemporâneo mata, e às vezes morre, sob o símbolo da total insensatez, desfazendo-se com desdém da sua racionalidade. Podemos, então, considerar que o ser humano tem desejado esticar os seus próprios limites ao infinito, independentemente das consequências que tudo isso pode acarretar a ele e aos outros; um mundo de seres mimados, cheios de vontades, que não aceitam limites ou restrições e aboliram do seu vocabulário todas as palavras que possam representar-lhes uma negação.
De certa forma, ainda que perplexa, constrangida, amedrontada, a sociedade tem seu quinhão de responsabilidade nesse assunto. Violência gera sim, mais violência! O modo com o qual a sociedade, em seus diferentes segmentos e atribuições, fomenta e promove o pensamento em torno da violência, ao contrário de tornar o assunto público, discutível e aberto para o encontro de soluções, se estabeleceu uma apologia a ela. A sensibilidade, a percepção, a compreensão da vida em cada diminuto elemento da sua estruturação é algo extremamente particular e incomensurável; por isso, não sabemos qualificar e nem tampouco quantificar os impactos que o reforço constante das diversas formas de violência exibidas pelos meios de comunicação pode trazer a cada individuo. Geralmente, o que vemos são os reflexos disso estampados em manchetes terríveis; na ficção e na realidade círculos que se repetem e não encontram um fim!
Abuso de álcool, drogas e velocidade são causas comuns de atropelamentos, de mortes, de angústia, de desespero, de revolta,... enfim, de desrespeito social gerados por quem não está nem aí para a vida e suas implicações sociais 1. A Homofobia é causa comum de segregação, de mortes, de angústia, de desespero, de revolta,... enfim, de desrespeito social gerados por quem não está nem aí para a vida e suas implicações sociais 2. O comportamento passional é causa comum de cárcere privado, de torturas físicas e psicológicas, de mortes, de angústia, de desespero, de revolta,... enfim, de desrespeito social gerados por quem não está nem aí para a vida e suas implicações sociais 3. Irresponsabilidade contra o idoso, à criança e o adolescente é causa comum de maus tratos, de abandono, de negligência, de mortes, de angústia, de desespero, de revolta,... enfim, de desrespeito social gerados por quem não está nem aí para a vida e suas implicações sociais 4. Os abismos da sociedade – miséria, fome, desemprego, ignorância - são causas comuns de violência, de mortes, de angústia, de desespero, de revolta,... enfim, de desrespeito social gerados por quem não está nem aí para a vida e suas implicações sociais 5...
Se não morrermos “de susto, de bala ou vício”, como dizia a música de Caetano 6, talvez a hipertensão, o diabetes, a obesidade e outros coadjuvantes do estresse concluam o serviço mais rápido 7. A verdade é que não estamos mais vivendo! Estamos sobrevivendo aos solavancos e sustos de um “trem fantasma”. A cada curva, a cada esquina,... de onde virá o perigo? Pelas mãos de quem? Dizemos um “bom dia” sem a certeza da oportunidade de um “boa noite”. E temos pagado... Pagamos caro pela vida! Tostão por tostão todos os dias, para ter a certeza de que ela há algum tempo deixou de ter valor.