Insistência versus
eficiência
Por Alessandra Leles Rocha
Há
certas coisas que realmente não consigo entender e dentre elas, a insistência
das pessoas. Na lista de fatos que perturbam a nossa paz cotidiana e nos causam
um estresse totalmente desnecessário, lá estão os serviços de telemarketing, os
panfleteiros nos sinais de trânsito, os vendedores porta a porta, e, em anos de
escolha eleitoral, os pretensos candidatos.
De
tantas reclamações Brasil afora, os órgãos de proteção e defesa ao consumidor
já conseguiram reduzir em parte a amolação no que diz respeito à insistência
pelos meios de comunicação – telefones e internet -; mas, e o restante,
sobretudo os candidatos? Quem irá nos salvar?
Sim,
eu vi pela televisão um especialista em Direito Eleitoral falar sobre as
proibições estabelecidas para essa campanha, inclusive sobre o envio de e-mails
quando o eleitor não deseja receber esse tipo de correspondência 1. Ora, mas o que fazer quando você é
perturbado através do telefone, hein? Com aquela velha desculpa “sabe quem está
falando” ou “você se lembra de mim”, eles surgem do nada, com ares de “velhos
amigos”, e comunicam a própria candidatura e pedem o seu voto.
Foi
tão difícil à conquista do voto democrático em nosso país! Só a partir do
século XX a legislação concedeu o direito ao voto das mulheres, aos maiores de
dezesseis anos e aos analfabetos; além de ser cumprido de maneira secreta. Bom,
se é então, algo de foro pessoal e intransferível, porque essa “pressão” por
parte dos candidatos em nos persuadir a escolha? Na verdade, tamanha
insistência acaba por depor em desfavor deles próprios. É! Eles já não têm
horário eleitoral gratuito para se apresentarem? Já não tem direito a
panfletagem, carro de som e etc.?
De
fato, muitos são ilustres desconhecidos; mas, sempre há quem conhecemos de
vista ou são do nosso convívio mais próximo. Portanto, sobre esses já temos um
pensamento formado sobre suas plataformas e intenções. Por isso mesmo, as
campanhas acontecem em torno de três meses antes da eleição, para que o eleitor
tenha tempo para estabelecer uma escolha consciente. Além disso, somos um
enquanto eles são centenas e o voto só pode ser dado a um candidato específico
para determinado cargo.
Mas,
como parecem se esquecer desses pormenores, eles continuam a apelar para a
insistência! E de tanto insistir, se tornam chatos, cansativos, deselegantes e
terminam dessa forma por nos ampliar a lista de escolhas. É! Também nos é
permitido pela lei votar em branco (digitar a opção votar em branco) ou anular
o voto (digitar na urna eletrônica um número que não está cadastrado).
É imprescindível
lembrar que: vender, ainda que seja a própria imagem, requer arte, habilidade,
conhecimento; afinal, o público é sempre vasto e diversificado. Em tempos de
pressa, de caos, não observar cuidadosamente as pessoas antes de abordá-las pode
ser decisivo para o insucesso nas conquistas; afinal, as percepções
do mundo estão conectadas a velocidade da luz e aptas a escolher o que
realmente lhes interessa e o que é melhor simplesmente deixar de lado.