sábado, 11 de agosto de 2012

Mensagem - Dia dos Pais


Papel de Pai


Por Alessandra Leles Rocha


Foram muitas e, talvez, rápidas as transformações impostas à sociedade contemporânea. Tempos de guerra e de paz, aprimoramentos científicos e tecnológicos, readaptações sociais, mudanças nos perfis de comportamento; mas, algo ainda permanece distante do enquadramento necessário: a paternidade.
Apesar da evolução no modo de agir paterno, no qual muitos homens aprenderam a participar e dividir com as mulheres as tarefas cotidianas, tais como preparar a mamadeira, trocar as fraldas, dar o banho, levar e buscar os filhos na escola; a verdadeira compreensão do papel paternal permaneceu obscura.
Na balança das ponderações podemos considerar que foram décadas e décadas de um modo de ser, agir e pensar extremamente masculinizado e sem traços significativos de liberdade de expressão, sobretudo, quando o assunto eram os sentimentos e as emoções. Então, gerações e gerações masculinas foram preparadas para atuar sob o script de diferentes papeis; menos o de serem humanos em seu sentido literal, o que refletiu negativamente na sua paternidade. Também, que cada um tem suas particularidades psicoemocionais a serem respeitadas. Uns são mais extrovertidos, outros mais autoritários, alguns mais distraídos,... características mescladas proporcionalmente no que há dentro e fora deles. Mas, tudo isso não pode, no entanto, absolvê-los quando o assunto é ser pai.
Afinal de contas, esse papel naturalmente coloca condições que não há como flexibilizar, sem que a parte mais vulnerável – o (a) filho (a) – venha a ressentir. Independentemente, se a paternidade foi uma escolha voluntária ou não, uma vida está a caminho e para que se desenvolva plenamente, ela não requer apenas a junção das metades genéticas de um homem e de uma mulher. Aquele pequenino ser, antes mesmo de se apresentar ao mundo, embora no ventre da mãe precisa igualmente do afeto, da responsabilidade, do compromisso e da disponibilidade de seus genitores.
Não adianta bradar aos quatro cantos que não dispõe de tempo, de recurso financeiro, de paciência, de vocação e etc., porque, quando se quer tudo se torna possível e um filho é uma extensão daqueles que o geraram. Se você não se descuida de si mesmo, como se descuidar de um pedaço de você? Como não querer que as suas melhores qualidades se destaquem através de seu filho? Como não querer compartilhar as vitórias dele? Como não querer defende-lo das agruras do mundo? Como não querer impedi-lo de chorar? Como não querer velar o seu sono? Como não querer cuidá-lo na doença? Como não querer?...
Diante de tantos casos de indiferença, de abandono, de negligência, ao longo de décadas, a sociedade tem buscado promover a construção de novos paradigmas para a paternidade. O que se aplica às mães em termos de consolidar a manifestação espontânea da responsabilidade desde os aspectos básicos da formação do individuo (alimentação, saúde, educação, lazer, cultura, moradia, transporte) até os aspectos psicoemocionais (amor, dignidade, respeito, liberdade, segurança), também se aplica aos pais. Não basta só o nome na certidão! Não basta só pagar a pensão! Não basta só ligar no aniversário! Não basta só presentear no Natal! Não basta a intervenção do Estado, nem da Justiça, nem de ninguém! Está nas bases, nos valores, nos princípios de cada individuo a vontade de querer “ser o melhor pai do mundo”. 
Papel de pai é todo dia, é toda hora, é todo segundo! A vida é muito curta e não nos cabe acreditar que pela lei natural da vida, os pais e as mães tenderão a morrer primeiro! Tudo pode mudar em um segundo e aí fica o remorso, a dor, a angústia, o pesar por não ter sido, não ter estado, não ter feito o imprescindível para o seu filho. Ficarão pairando no ar, todas as palavras não ditas, todos os olhares não trocados, todas as risadas não ocorridas, todos os abraços não dados, todas as lágrimas não enxugadas,... toda uma vida de esperanças e expectativas frustradas.
Então, não desperdice o papel de pai! Seja herói de verdade! Lute para que a vida não deixe em seu filho tantas cicatrizes na alma e no corpo! Lute para construir uma relação de amor, cumplicidade e companheirismo com seu filho! Lute para ser quem mais conhece o seu filho! Lute para ser o primeiro da fila nas conquistas dele! Lute com você mesmo para que a paternidade sobressaia a qualquer gota de individualismo, ou de egocentrismo, que teime em existir em você!