segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Crônica da semana!!!


“Apitagem” ou “Arbitragem”?


Por Alessandra Leles Rocha


Agora é assim: toda quarta-feira e todo domingo sempre apresentam motivos para bochichos e falatórios indignados quanto à arbitragem do futebol nacional! Não digo que os deslizes, ou erros, sejam frutos recentes; mas, que a situação está de mal a pior, isso está!
Rogávamos aos Céus e bradávamos furiosos quando o assunto eram os campeonatos sul-americanos e o Brasil, quase sempre, era prejudicado de modo desleal, aviltante; porque a arbitragem deles era ruim, tendenciosa e não se esforçava em nada para cumprir o papel conforme as regras. Ora! Mas quando o assunto acontece no limite das quatro linhas nacionais... o vexame é inevitável!
Primeiro, porque somos penta campeões mundiais de futebol; o esporte por aqui se aprende ainda no berço. Temos lastro de experiência para não permitir macular o espetáculo de forma tão grosseira, não é mesmo? Além disso, estamos às portas de sediar uma Copa das Confederações, em 2013, e a Copa do Mundo, em 2014. Sim, eu sei que os árbitros que serão selecionados pela Federação Internacional de Futebol (FIFA) passam por um critério rígido de escolha; mas, de qualquer forma, a seleção de arbitragem disponível anda “fazendo feio”.
Entre deslizes, errinhos, errões, absurdos, já há quem sinalize a necessidade de mudanças urgentes na condução dos jogos, incluindo a utilização do replay por parte da comissão arbitral durante a partida, como acontece no tênis. Mas, só a tecnologia não me parece suficiente; a formação e periódica requalificação dos árbitros necessita reformulação do modelo vigente. As regras não parecem tão claras como deveriam ser, para a maioria deles! A arbitragem sinaliza ares de amadorismo, embora o futebol nas últimas décadas adquirisse contornos altamente profissionais, de empresas de grande sucesso.
Bem, mas enquanto as mudanças não chegam, o vento não sopra a favor do espetáculo, o torcedor padece. Quão poucas as oportunidades de se sentir feliz na vida, de extravasar a euforia através da simbologia contida no time do coração e alguém estraga a festa! Era o dia da alegria, o ingresso comprado com dificuldade, a longa viagem de ônibus ou de trem lotado até o estádio, o manto sagrado vestido com todo zelo, chuva e sol disputando quem iria prevalecer nos noventa minutos, da confiança no time aguerrido, enfim... Como um disco arranhado que fere a audição dos ouvintes, o despreparo da arbitragem descompensa a emoção dos espectadores, mistura os sentimentos, destempera as reações. E ninguém, no calor dos fatos, se importa ou não com quaisquer justificativas!
Não se pode esquecer de que o futebol só existe graças à paixão incontrolável dos seus torcedores! São eles que mantêm de pé a engrenagem do esporte; compram camisas, ingressos, souvenires, bandeiras, acompanham os jogos em outras cidades,... Mas esse tipo de “desrespeito” vai minando, deteriorando a relação, minguando a credibilidade, até que se pergunte: será que vale a pena torcer pelo futebol? Entre os profissionais envolvidos, por mais seriedade e comprometimento que exista, também um inevitável sopro de descrença começa a envolver os trabalhos e desenvolver a desmotivação; afinal, tanto esforço, luta, concentração, suor, dor, para no fim das contas se deparar com o anti-profissionalismo da arbitragem.
Chegou a hora de escolher se pretendemos continuar realizando “apitagem” ao invés de “arbitragem”! Em 13º lugar no ranking da FIFA, o futebol brasileiro não precisa de mais razões para nos incomodar. Ao contrário disso, os problemas são bons indicadores do que há para ser reorganizado, reestruturado, ou simplesmente, realizado pela primeira vez. O esporte precisa acompanhar o desenvolvimento que acontece no mundo; a tecnologia, a ciência, o treinamento, a logística,... muitos são os elementos agregadores de qualidade que não podem mais ser negligenciados ou trabalhados de forma desconectada.