quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Crônica do dia!!!


Velhos? Não, vivos!!!

Por Alessandra Leles Rocha

Enquanto a mente se perde nos sonhos dourados da imortalidade, o espelho exibe sem piedade a realidade da vida. Portanto, se é impossível lutar e vencer o óbvio, por que o medo em se entregar aos desígnios do tempo e aprender com as experiências dessa transformação? Afinal de contas, só não chega ao alto da pirâmide da vida quem se despede dela no início da caminhada.
        A bem da verdade, envelhecemos todos os dias. Sim! Desde que chegamos a esse mundo, nus e desdentados, o correr das vinte e quatro horas marca o nosso envelhecimento lento e gradual e sem que tenhamos a devida consciência observativa desse fenômeno, mágico e inevitável, não fazemos outra coisa senão aprendermos a compensar entre as perdas e ganhos que perfazem esse caminho.
        Acho muita crueldade do ser humano se olhar como um grande perdedor quando computa a passagem por muitas décadas de existência. É como se apenas conseguissem enxergar um lado sombrio e tristonho de uma vida, que ao contrário do que percebem guarda uma alma repleta de luz e isenta de contagem cronológica!
O corpo físico tem sim as suas limitações, mas quem pode afirmar em que idade elas irão de fato se evidenciar, hein? Estando sobre a Terra, nada nem ninguém nos isentam de riscos, os quais podem ser determinantes em assinalar restrições e ao mesmo tempo descortinar as possibilidades de se refazer, ressurgir, reaprender.
        A mente também tem os seus entraves; mas, todos eles se bem encarados se tornam fonte inesgotável de oportunidades, especialmente em descobrir como domar a impaciência e seguir o pensamento no ritmo que melhor nos aprouver. A mente não envelhece! Nosso cérebro é uma grande “esponja” destinada a absorver tudo o que se passa dentro e ao redor de nós; um “grande computador” de memória ilimitada, sempre com um cantinho aqui e ali para guardar mais um daqueles registros tão especiais.
        E a alma, como já disse anteriormente, essa não tem limite algum! É livre, plena, leve! Fica guardada dentro da carcaça por pura questão de segurança! Mas é em suas mãos que se encontram as rédeas desse envelhecer diário, que durante a juventude nos referimos apenas como viver; já que, o termo envelhecer parece soar estranho e pesado demais.
        Já faz algum tempo que é possível pinçar entre artistas e personalidades mundo afora nomes, já consagrados pelos anos de vida, em plena atividade física e intelectual, produzindo de forma notável. Mas, o que as últimas décadas nos ofertaram de presente, foi a expansão vertiginosa desse fenômeno entre pessoas comuns, que simplesmente decidiram romper com preconceitos, usufruir da felicidade advinda das compensações do tempo e fazer a vida valer realmente a pena. Mais do que necessidades econômicas a impulsionar essas pessoas, foram as necessidades humanas que mudaram as regras do jogo e recolocaram essas pessoas em circulação na sociedade.
        Cientes de que o tempo não lhes conferiu apenas cabelos brancos, rugas profundas, corpos menos atraentes etc.etc.etc., essa legião, que venceu as artimanhas do relógio, somou milhas e milhas de experiências nos vários campos da vida; o que a torna altamente qualificada para brigar na selva contemporânea. Em contraposição a um mercado repleto de juventude produzida em série, a camada mais experiente da sociedade traz impregnada na própria alma a ousadia das gerações desbravadoras, de quem conhece a fundo o inicio da historia, de quem tem elementos para responder as perguntas, de quem consegue enxergar além para solucionar os obstáculos e problemas, de quem já deu a sua parcela de contribuição; mas, ainda, se considera apta a voltar ao jogo.
        Talvez seja a “cegueira” juvenil, que ao se esquecer de olhar a vida com olhos de enxergar e compreender, cometa incessantemente a deselegância de afrontar, diminuir, humilhar e negligenciar aqueles que os precederam, fazendo com que estes percam a capacidade de se perceber verdadeiramente. Mas, não se pode dar crédito as ignorâncias de uns e outros, depois que a vida já lhe trouxe tantas marcas e aprendizados, de fato, relevantes. Enquanto estivermos vivos e plenos para existir não nos cabe outra missão senão prosseguir como nobres construtores da vida, nos “metamorfisando” independente da idade que nos assinalem os documentos.
  

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