domingo, 12 de junho de 2011

12 de Junho - Crônica em Homenagem ao Dia dos Namorados

O amor...

Por Alessandra Leles Rocha

        Embora junho chegue inspirado pelo clima de romance do Santo Casamenteiro1, as noites frias e estreladas, as festas juninas, algo insistiu em macular esse momento especial: a morte de uma adolescente de dezessete anos, em razão de espancamento por seu companheiro2. Que cada um possa expressar seus sentimentos de forma singular, mas reforçar a crença em que o amor também possa se expressar através da violência é totalmente absurdo e inaceitável. Não é possível que as relações afetivas se construam sobre as bases do medo, da coação, das agressões físicas e psicológicas, da dominação. Amar requer antes de tudo o respeito ao semelhante. Amor não se impõe! Amor vem revestido de delicadeza, de sensibilidade, de afeto, de ternura, de carinho, de gestos capazes de expressar o que, talvez, milhões de palavras e símbolos não consigam. Amor é parceiro do tempo; precisa de cada segundo para se desenvolver, criar raízes, maturar. Amor é sinônimo de vida; sem ele nada, nenhum ser vivo estaria sobre a Terra e a gigantesca teia natural perderia sua lógica e não faria mais sentido.
       Há quem diga não precisar de amor para viver; mas, isso não é verdade! Fala-se da boca para fora, no afã de se sentir onipotente diante dos sentimentos, rei ou rainha absoluto de uma autossuficiência capenga. Temos a nossa individualidade, talvez por puro charme da Natureza que nos criou; mas, isso não significa que nascemos para ser solitários peregrinos dessa vida. Queremos o colo, o brilho que emana de um olhar apaixonado, o calor que mantêm vivos os nossos sentidos, o abraço que nos agiganta a alma, o beijo que nos faz sonhar acordados, o toque da pele que amplia a nossa existência. Precisamos de alguém que seja eco para nossas ideias, nossos anseios, nossos projetos, nossas dúvidas, nossos medos,... nosso ser.
       Apesar dessa grandeza, amor é coisa simples para sentir a flor de cada pedacinho da gente! De tão simples que é, não tem espaço realmente para se misturar ou ser confundido com violência. Quem ama cuida, protege, ampara. Quem ama enxerga no outro a sua extensão humana. Quem ama “compra” o pacote completo: defeitos e qualidades; afinal, ninguém é perfeito! Mas, ninguém em sã consciência escolhe conviver com a psicopatia letal do outro. O sonho que acalentamos desde que nos entendemos por gente é de construir uma relação feliz, harmônica, com altos e baixos certamente, flexibilizando as diferenças e potencializando as semelhanças para poder rir bastante, sentir-se leve, inteiro, pleno, quem sabe até podendo completar bodas de ouro ou diamante.
       Festejar o amor, a paixão, o romance é reafirmar o nosso compromisso com a eterna busca pela felicidade. Entender que é, realmente, impossível ser feliz sozinho e se permitir ser piegas em meio à multidão. O mais “gélido” ou sisudo indivíduo se derrete sim a surpresa, ao bilhetinho recheado de palavras doces, as flores em pleno horário de trabalho, ao acordar com uma bela cesta de café da manhã,... afinal, somos humanos, temos emoção saindo pelos poros e um coração batendo em ritmo acelerado quando o amor circula por seus espaços. Aos que já estão mergulhados nessa atmosfera a dica é desfrutar cada dia como se ele fosse único. Aos que estão à procura, nada de pressa, de afobação, - ao longo da jornada havemos de amar muito, de escrever nossa história ladeada por pessoas diferentes, cada uma deixando as suas impressões positivas e negativas, mas não menos importantes -; quando menos se espera ele baterá à sua porta, ou melhor, ao seu coração.