sexta-feira, 11 de julho de 2025

Já dizia Aldous Huxley, “Os fatos não deixam de existir só porque são ignorados”.


Já dizia Aldous Huxley, “Os fatos não deixam de existir só porque são ignorados”.

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

A afronta do governo estadunidense ao Brasil é totalmente descabida e inadmissível. Entretanto, uma atitude intempestiva vinda de fora das fronteiras nacionais tem um peso próprio. Mas, o que verdadeiramente causa asco, repulsa, aversão, é que a situação em si tenha a participação de figuras nascidas no Brasil; mas, que abdicam da sua identidade nacional para exercitar a subserviência em relação a outros países.

Ontem, as duas casas legislativas federais, Câmara dos Deputados e Senado, emitiram uma nota pública a respeito da referida afronta estadunidense. Porém, optaram por silenciar em relação ao fato de que uma dessas figuras é, justamente, um deputado federal em situação de afastamento voluntário, do parlamento, e cujas atividades internacionais, nos EUA, configuram explicitamente crime de lesa pátria.

Considerando que, desde o início, o próprio deputado, através de vídeos e entrevistas, deixou clara as razões do seu afastamento, ao menos em tese, o que se esperaria do Congresso Nacional era uma atitude firme e decorosa em relação a ele. Em suma, era de se esperar que ele perdesse seu mandato parlamentar; bem como, todas prerrogativas e regalias do cargo. Ora, nenhum dia sequer, de sua estadia nos EUA, esteve distante de inúmeras práxis para tentar submeter o território nacional, ou parte dele, ao domínio ou à soberania estadunidense.

Mas, não bastasse isso, o seu irmão, Senador da República, apesar de não ter saído do país, também, exerce o mesmo papel, a partir de manifestações públicas em redes sociais, no parlamento e em entrevistas. O que torna a situação do Congresso Nacional, um tanto quanto, desconfortável e constrangedora, dada a forma com a qual tem conduzido essas condutas parlamentares.

Não, não há normalidade em permitir que um, dois, três ou vários parlamentares façam viagens internacionais, utilizando recursos públicos vultosos, com o propósito de afrontar explicitamente o próprio país, difamando-o, desqualificando-o, submetendo-o à vergonha internacional.

Sobretudo, acrescentando-se o fato de que nesse cenário valem-se de inverdades, de distorções discursivas, de narrativas totalmente inverídicas. Vejam, quando qualquer cidadão brasileiro age dessa maneira, está sim, construindo uma consciência coletiva a respeito, ainda que à revelia da concordância do restante da população.

Como parlamentar, ele é um representante político-partidário, eleito por uma parcela de cidadãos; mas, nem por isso, dispõe de autorização dessas pessoas para o cometimento de crimes como é a traição à Pátria. Ora, mas é exatamente isso o que esses indivíduos estão fazendo! Eles estão arrastando para a lama de suas declarações e comportamentos, o imenso coletivo nacional. Fazendo parecer que o país, como um todo, os referenda de maneira absoluta, o que não é verdade.

Por essas e por outras, o Congresso Nacional ao carregar a obrigação exercer um papel fundamental na definição e controle das ações do Estado, relacionadas à proteção do território e dos interesses do país, não pode permanecer se mantendo silencioso e à margem desses fatos extremamente graves.

Portanto, aguarda-se por uma atitude rápida e contundente em relação a esses parlamentares, os quais estão trabalhando em total dissonância à realidade e em prejuízo da soberania nacional. Inclusive, considerando a importância didática que isso reverbera entre outros parlamentares que, de maneira acintosa ou não, são apoiadores e simpatizantes de tais atitudes deploravelmente anticidadãs.

Já dizia José Saramago, prêmio Nobel de Literatura, em 1998, “Quando um político mente destrói a base da democracia”. Daí a necessidade de entender que “Numa democracia, é essencial a consciência da responsabilidade, a responsabilização daqueles que detêm o poder e o exercem” (Karl Raimund Popper - Filósofo e professor austro-húngaro).