quinta-feira, 10 de julho de 2025

A Terra é sim, redonda!


A Terra é sim, redonda!

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

Confesso que certas respostas conjunturais da vida me causam uma satisfação imensa! Nos últimos dias, o Brasil estava sob o choramingo e o descontentamento da Direita e seus matizes; sobretudo, os mais radicais e extremistas, por conta do clamor popular, nas mídias sociais, em relação à necessidade de se fazer justiça social, no país. O que significa, na prática, romper definitivamente com o modelo histórico colonial brasileiro.

Então, eis que de repente, não mais que de repente, é esse espectro político-partidário que sofre os efeitos diretos de uma iniciativa de recolonização contemporânea, por parte dos EUA. A carta do presidente estadunidense ao Brasil, impondo não só uma ingerência à nossa soberania nacional e ao Estado Democrático de Direito; mas, também uma taxação de 50% aos produtos brasileiros, afeta diretamente os interesses de financiadores, apoiadores e simpatizantes da Direita e seus matizes.

Quem diria, não é mesmo? A vida cobrando o ranço colonial, imperialista, na mesma moeda! E o que é pior, com a participação direta de elementos pertencentes à ultradireita brasileira, que fugiram para os EUA e buscam, por lá, desempenhar um papel abjeto como anticidadãos, antidemocratas, e principalmente, como criminosos por lesa-pátria. Ao tentarem submeter o território nacional ao domínio ou à soberania de outro país, eles conseguiram comprometer os interesses comerciais e econômicos brasileiros.

Bem, mas não há espanto! Essa gente mostrou a sua cara, quando se permitiu publicamente hastear outras bandeiras e símbolos estrangeiros, em detrimento da sua própria cidadania. Quando abdicaram do exercício da sua identidade nacional para se tornarem sabujos dos outros. Infelizmente, esses indivíduos padecem de uma crônica saudade em relação aos seus tempos de Brasil colônia. Até parece, que a canção favorita deles é “Aluga-se” 1, de 1980, escrita por Claudio Roberto e Raul Seixas! Porém, vale ressaltar que eles se apropriariam de cada estrofe e se absteriam de qualquer crítica, presente na canção, quanto à maneira como os recursos nacionais são explorados e a aparente submissão do país aos interesses estrangeiros.

Agora, se alguém tinha dúvidas em relação a isso, elas foram dissipadas. A Direita e seus matizes; sobretudo, os mais radicais e extremistas, através da figura de sua classe político-partidária e das elites que a financiam e apoiam, que vieram reproduzindo, ao longo de séculos, uma condição de dependência e sujeição para as camadas inferiores da pirâmide social brasileira, prova da mesma subserviência.  Estão sob as botas tirânicas dos interesses geopolíticos estadunidense.

Vejam, quando se pensa nas palavras do sociólogo Darcy Ribeiro, por exemplo, de que “O Brasil, último país a acabar com a escravidão, tem uma perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso” 2, entende-se a dimensão do ranço colonial arraigado e persistente, nas relações internas e externas. A grande verdade é que as mesmas elites, ou classes dominantes, ou baronato, que se julgam no direito de escravizar todos aqueles abaixo da sua linha de poder, no fim das contas, são, também, escravizadas por aqueles que estão acima na escala de poder global.

Por isso, eles estão servindo aos interesses dos EUA, de reapropriação de seu controle e influência sobre o sul global - África, Ásia, América Latina e Oceania -; posto que, a historicidade desses países é marcada por experiências de colonização, desigualdade econômica e marginalização política. A escolha por atacar o Brasil, um player importantíssimo nessa geopolítica, então, é uma tentativa de fazer sobreviver os áureos tempos de hegemonia estadunidense, nessa região, frente à incontestável expansão chinesa.  

Acontece que é preciso comunicar, aos mais desavisados, que o mundo vive o século XXI. A Terra não é plana, é redonda! Não estamos mais sobre o Colonialismo, ou o Imperialismo/Neocolonialismo, ou a Guerra Fria. A realidade global é outra. Os cenários estruturais e geopolíticos são outros. Não se pode esperar que a sujeição, a submissão, a dominação, a dependência e a obediência, sejam aceitas de maneira absoluta e passiva. Haja vista as duas guerras em curso. Há um poder supremo e independente de um Estado sobre seu território e população, que não permite qualquer interferência externa, que pode ser manifestado sempre que se fizer necessário. Isso diz respeito à soberania, à ideia de autogoverno e autodeterminação de um povo, refletindo sua capacidade de definir suas próprias leis, políticas e rumos.