quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Reflexões...


Mundo novo. Velhas práticas.


Por Alessandra Leles Rocha


Não importam ideologias. A verdade é que na história mundial não faltam episódios de atentados políticos de gravidade, muitas vezes letal. Abraham Lincoln (1865), Prudente de Morais (1897), o Arquiduque Francisco Ferdinando (1914), João Pessoa (1930), Mahatma Gandhi (1940), Leon Trótsky (1940), Carlos Lacerda (1954), John F. Kennedy (1963), Malcom X (1965), Martin Luther King (1968), Robert F. Kennedy (1968), Fidel Castro (entre 1959 e 2006), João Goulart (1976), Juscelino Kubitschek de Oliveira (1977), Ronald Reagan (1981), Silvio Berlusconi (2009), Marielle Franco (2018) são alguns desses exemplos 1. Sem contar Nicolas Sarkozy (1997), George W. Bush (2008), José Serra (2010) e François Hollande (2012), agredidos por atos mais constrangedores do que propriamente violentos.
Como se vê o mundo busca o novo; mas, as velhas práticas nunca morrem.  A questão é que elas expõem o nível de tensão que paira sobre os cinturões de poder, independentemente se aqui, ali ou acolá. É algo que parece intrínseco as relações humanas. Quaisquer que seja o desconforto sentido a reação imediata se modula pela violência, no chamado “olho por olho, dente por dente”, o qual o próprio Mahatma Gandhi afirmava que acabaríamos todos cegos.
E ele tinha razão. Estamos cegos. Perdemos a capacidade de enxergar a vida na sua pluralidade, na sua diversidade; mas, também, a capacidade de ouvir e de falar. Cada indivíduo parece centrado na sua verdade, na sua ideologia, na sua convicção, como se isso resumisse o mundo. E assim nos tornamos membros de uma grande e nova Babel 2, onde todos falam ninguém se entende e todos têm a sua própria razão.
Se estamos presos a ler o mundo apenas pela ótica das nossas convicções nos tornamos efetivamente limitados para coexistir. Isso significa, portanto, mais vulneráveis às investidas temerárias de uma intolerância desmedida, que no fim das contas culmina na violência. Desse modo, o mundo perde e se perde, tentando corrigir “erros”. E não há nada mais relativo do que apontar erros e acertos, quando tudo depende de como se lê o mundo.
Enquanto cada um se permite afrontar o outro, o mundo patina sem sair do lugar, sem encontrar um denominador comum que satisfaça os anseios e as demandas coletivas por uma agenda social mais positiva. Atentados são iniciativas que atacam bem mais do que a vida de um ou de alguns. Eles atentam contra toda a subjetividade que se reveste a vida humana. Atentam contra a cidadania, a paz, o desenvolvimento, a igualdade, a liberdade, enfim...  
É inadmissível que em pleno século XXI ainda se assista a atentados políticos, ou de quaisquer naturezas. Há uma necessidade urgente de se reencontrar o ponto de partida, quando ainda não estávamos cegos, quando ainda sabíamos pensar, refletir e dialogar; porque para isso não precisamos de nada nas mãos.  

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