terça-feira, 25 de julho de 2017

A ideia de homenagear todos os escritores no dia 25 de julho surgiu a partir do I Festival do Escritor Brasileiro, organizado na década de 1960 pela União Brasileira de Escritores, sob a presidência de João Peregrino Júnior e Jorge Amado, um dos principais nomes da literatura nacional.

Hoje é dia de escrever.



Por Alessandra Leles Rocha




Hoje é dia de escrever. De libertar a alma pelas palavras. De expressar o que não cabe dentro de mim. De eternizar os pensamentos que poderiam se perder no vento.
Quando tudo parece pesado demais é hora de escrever. Foi assim que a escrita passou a fazer parte de mim.
Chega de plateias incompreensíveis. Papel e caneta, ou pelos teclados da tecnologia, o dedo de prosa acontece com mais profundidade, do que em muita sessão de terapia.
Sem constrangimento. Sem medir palavras e intenções, o diálogo da escrita é sempre franco, por mais que se pense o contrário. Escrever, meu caro, minha cara, é desnudar-se por completo.
É por isso que ninguém escreve igual. Escrever é tão pessoal quanto à própria digital. Tem um traço de invisibilidade que marca a sua presença de tal jeito que todos sabem que o texto é seu.
E tudo é razão para escrever. Dias de sol, de chuva,... Bateu na alma diferente, lá vem à vontade doida de fazer confissões ao papel.
Não importa a hora. Não importa o lugar. Pode até começar no papel de pão. O fundamental é verter a inquietude para que ela não se perca antes de ser ressignificada como se deve.
Por isso, eu discordo de quem considera a escrita um alento para a solidão. Nem todo escritor é solitário e nem todo solitário é, portanto, escritor.  
A escrita transcende os rótulos. Escrever é exercitar a humanidade que habita em nós. É domar caprichosamente os arroubos das ideias para que possam se tornar compreensíveis.
Aí, o jeito de fazer essa doma é de cada um. Tem poeta. Tem prosador. Tem músico. Tem repentista. Tem quem abuse das palavras e quem poupe, com receio de gastá-las sem tanta precisão.
E quanto mais se escreve, mais vontade se tem. Vira hábito. Algo que se percebe a falta sem mesmo precisar manifestar.
Depois da primeira palavra ali desenhada, algo se transforma. A linha que liga o questionamento a resposta se encurta.  A coragem do registro, então, se aflora.
Não há porque se importar com as opiniões alheias. A sua, pelo menos, está no papel. Assinada. Reafirmada pelo tempo.
Se algum dia tiver que mudar, partirá da sua escrita um novo ponto de vista. Afinal, se o ser humano se transforma por que não transformariam os seus escritos?
Escrever é um modo de manifestar a nossa evolução. Se os olhos são capazes de enxergar além do visível, as palavras não podem ser indiferentes.
Por isso, mais do que hoje, todos os dias são de escrever. Não importa que seja uma escrita para si ou para o mundo. Importa à sensibilidade, a verdade, a profundidade em cada palavra.
Escrever rompe as amarras dos silêncios mais profundos. Contesta os ditames impositivos do que se deve pensar, dizer, fazer, agir.  Porque escrever é, simplesmente, tecer as asas da própria alma.  

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