quarta-feira, 13 de abril de 2016

Enquanto o país espera, o tempo passa!


Enquanto o país espera, o tempo passa!

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

Em plena efervescência política no Brasil, a desesperança é inevitável. Sim, ao mesmo tempo em que há uma necessidade real de colocar um fim a todas as irresponsabilidades escancaradas através do Mensalão, do Petrolão e da Operação Lava-Jato (sem contar outras de menor vulto) e dos próprios descaminhos econômicos do país configurados pelo retorno voraz da inflação, do desemprego, da paralisia dos setores produtivos, a representatividade política só pensa em se manter na cadeira.

Nem A, nem B, nem C, ninguém se preocupa com o que realmente é essencial. O país está imerso na pior de todas as crises econômicas já enfrentadas e não há quem se prontifique a lutar bravamente para desatar esse gigantesco nó de marinheiro. Simplesmente, permanecem na mesma práxis, na mesma troca de favores, na mesma desfaçatez de outrora, fazendo de cada apresentação pública um palanque, como se a verdade não significasse uma queda livre sem redes de proteção.

Bem distante das tendenciosidades midiáticas polarizadas, entidades internacionais ligadas à economia fazem suas análises. Ontem, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou uma previsão de queda de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano, o pior desempenho estimado para as maiores economias do mundo. E para o próximo ano, a expectativa de estagnação espera variação zero. Ou seja, se algo não for feito no sentido de reformas estruturais para aumentar a produtividade e a competitividade, se confirmarão todos os prognósticos de uma década perdida para os brasileiros; o que significa um arrocho inimaginável.

Mas, isso é apenas o lado macro desse prisma econômico. Porque no micro, a perversidade conjuntural alcança o fundo do poço, quando impacta diretamente nos direitos sociais previstos na Constituição de 1988, artigo 6º: educação, saúde, trabalho, lazer, segurança, previdência social, proteção materno-infantil e assistência aos desamparados.  É quando se faz a pergunta: E agora, José? Quando o cidadão se reconhece desvalido pela negligência incompetente do Estado é que ele compreende o tamanho do golpe sofrido por sua credulidade ‘ingênua’. A fonte seca de repente e as esperanças são ceifadas sem misericórdia.

Afinal de contas, um país falido não tem como suprir as demandas básicas do cidadão. Não tem como cumprir as liminares da justiça em favor de leitos de UTI, ou de medicamentos, ou de vagas nas escolas, ou... Não tem como respaldar a sobrevivência de pais e mães de família desempregados, cujo seguro-desemprego pago aos trabalhadores demitidos sem justa causa, é apenas 3 a 5 parcelas. ...Não tem como!

Se não houver uma mudança plena de valores e princípios, a sociedade brasileira permanecerá eternamente em um “Dilema de Sofia”, escolhendo sempre entre o que lhe parece ‘menos pior’. E foi agindo desse modo que o sistema político brasileiro se arrastou pelo tempo, mantendo dinastias e suas promessas vãs em redutos eleitoreiros devidamente aliciados. Ao mesmo tempo em que se cristalizavam os pensamentos de uma inoperante, morosa e seletiva justiça, para justificar a possibilidade dos maus modos, das condenáveis práticas corruptoras.

Portanto, depois de termos ultrapassado o limite da tal ‘gota d’água’, não há como fazer ouvidos de mercador ou usar lentes cor-de-rosa. Como disse a escritora, roteirista, novelista e filósofa norte-americana, Ayn Rand, “A menor minoria na Terra é o indivíduo. Aqueles que negam os direitos individuais não podem se dizer defensores das minorias”. Pense nisso, antes de hastear bandeira para qualquer lado.

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