sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Reflexão literária para o fim de semana!!!

Relações Humanas: as linhas que alinhavam a vida
 Por Alessandra Leles Rocha
 Nada mais objetivo e didático para definir a vida do que compará-la a uma imensa colcha de retalhos. Cada dia um quadrante repleto de acontecimentos, de fatos inesquecíveis (ou esquecíveis, se preferir!), de sonhos, de cores, de luzes, de emoções, de sentimentos e, sobretudo, de pessoas. Sim! Pessoas, que vem e que vão, nos ajudando a escrever a grande história de nossa vida, nos acrescentando virtudes e aprendizados, transformando o mais singelo e trivial momento em recordação para a vida inteira.
As linhas que alinhavam todos os nossos retalhos de vida são as nossas relações humanas. Linhas de todas as formas, cores, tamanhos, espessuras, funções. Linhas que costuram sozinhas, sem agulhas ou quaisquer outros instrumentos; são movidas pelas razões abstratas e muito pouco definíveis pela razão humana. Linhas que descrevem pontos largos, miúdos, tradicionais ou ornados e por isso, são tão singulares e especiais. Linhas que repetem os pontos para assegurar que jamais se esgarçarão e outras que não se importarão em partir.
É por todas elas que as alvoradas acontecem! Sem pessoas ao nosso redor, habitando nossos pensamentos e tocando nossas emoções, viver seria impossível! Por mais sozinho que se pense estar haverá sempre alguém a nos fazer companhia. Engana-se quem pensa que a beleza dessa costura diária se encontra na perfeição! Nem todas as linhas se adéquam aos tecidos. Vivemos dias que são delicados como a seda, outros que são ásperos como couro, outros que são maleáveis como o algodão e, por isso, as linhas precisam ser apropriadas. Cada indivíduo tem um limite, uma habilidade, uma característica particular que faz com que ele esteja ao nosso lado em determinados momentos. Há quem não consiga estabelecer profundidade nas suas relações. Há os que são para tempos de guerra e desafios. Há os que surgem apenas para trazer a paz e a harmonia. Há os solidários. Há os indiferentes. Mas sempre haverá alguém. Por isso, sempre haverá dias em que a convivência se torna difícil e pesada, exigindo paciência, autocontrole, generosidade, autocrítica para apaziguar os ânimos e não deixar se perder o retalho.
Independente se criança ou idoso, se homem ou mulher, se rico ou pobre,... está na condição humana a necessidade da parceria, da comunhão, do afeto, do olhar, da palavra,... Tudo na vida acontece aos pares, ainda que muitos creiam na autossuficiência. Conversa boa precisa ter ao menos dois bons proseadores. Livro bom abraça autor e leitor pela teia da história. Comida boa vem da dedicação de quem faz para o degustar grato e satisfeito de quem se delicia. Escola boa traduz o sentimento nobre da partilha entre o mestre e o discípulo. Família boa é aquela que transforma as dificuldades de seus elementos em sementes próprias para serem cultivadas as virtudes. Amizade boa é aquela que une as empatias e afinidades ao mesmo tempo em que ensina a aprender e conviver com as diferenças. ... A autossuficiência, a arrogância, a prepotência só servem para desalinhavar os pontos!
Aos que pensam que a sua vida é um poço de insignificância, fica o recado: somos o máximo em termos de design! Assim, alinhavando ao som da vida, os mosaicos de rara beleza vão se formando e a imensa colcha que cobre nossos dias de sombra e sol, de frio e calor, vai contando em silêncio quem somos, o que pensamos, o que fazemos, o que sentimos, o que aspiramos,... Dessa curiosa costura sabemos exatamente o dia em que ela começou; mas, para que ela prossiga sem preguiça e sem descaso o universo faz segredo do final, só para não comprometer o resultado!
  

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