sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Especial Semana da Criança: Educação e Cidadania

Dia das Crianças – aprendendo a doar
Por Charlie, em 28 de setembro de 2009.
Pais devem estimular os filhos a compartilharem e doarem seus brinquedos. Doação ensina a criança a se colocar no lugar do outro.

Faça uma criança feliz e doe um brinquedo no dia das crianças
O Dia das Crianças está para chegar. Os pequenos já estão escolhendo o que querem ganhar. As possibilidades são muitas. Os brinquedos estão cada vez mais incrementados. Se, no ano passado, determinada boneca cantava cinco músicas, esse ano ela canta sete. Pronto, é o suficiente para desejarem a nova versão, com apenas um detalhe diferente.
É claro que as coisas não são assim para todos. Há aqueles que nem possuem uma boneca velha, tamanha é a pobreza em que vivem. Pobreza de dinheiro e de espírito, de pais que não conseguem se preparar de modo a presentear seus filhos em datas como essa.
Em datas como essa, a comunidade costuma se organizar e arrecadar brinquedos para distribuir para aqueles que não têm. E convoca as famílias para doarem aqueles que não são mais usados.
Muitas crianças doam. Entre elas, algumas de bom grado, outras contrariadas, quase que obrigadas. Têm aquelas que não doam de jeito nenhum. Vão acumulando brinquedos que nunca usam (às vezes, nem tempo teria para brincar com tantos), esquecidos num canto, perdendo peças ou quebrando, ficando inúteis.
Parece que, ao tirar de uma criança algo que lhe pertence, vai lhe fazer uma falta tão grande que não poderá ser substituído por nada. E ao ser lembrada de que nunca brinca com aquele brinquedo, a criança diz que brinca sim ou que um dia irá brincar, que inclusive estava pensando nisso naquele momento.
Compartilhar é um aprendizado na vida. As crianças nem sempre gostam de dividir ou dar suas coisas. Não é algo que nasce espontaneamente. E não adianta chamá-las de egoísta – uma de suas características é a de serem voltadas para si. Não só os pequenos, muitos adultos também são assim.
Esse comportamento tem que ser ensinado e estimulado na criança aos poucos. E ela vai aprender quando puder perceber o outro como alguém de verdade, que também tem necessidades e desejos, medos e vontades. No momento que conseguir sair de seus referenciais e se colocar no lugar do outro.
E, é claro, que isso não é de uma hora para outra. Ao convidar um filho a fazer uma doação de brinquedos para o Dia das Crianças e ele se negar, não é motivo para dizer-lhe que é mau ou coisas do tipo. Quem sabe poderia ser dito que, para ele, ainda é difícil se separar de alguns objetos que não usa mais, mas que aos poucos, e quando for mais fácil, ele poderá doar.
Além de mostrar que compreendemos sua dificuldade, podemos ajudá-lo a ter a dimensão do outro. Uma das formas de fazer isso é perguntar-lhe como se sentiria se não ganhasse nada no Dia das Crianças, nem um brinquedo usado.
Isso o ajudará a imaginar o que outras crianças, que não ganham nada, possam sentir nessa situação. E, é claro, não é com uma conversa ou de um dia para outro que as coisas vão mudar. Como já disse, é pouco a pouco.
Muitos também não doam por não terem aprendido. São de famílias que não conseguem se desfazer das coisas ou diante de campanhas assim, mesmo estimulando o filho a doar, os pais ficam com pena de se desfazerem dos brinquedos. E nada é dado.
O momento é de compartilhamento. Mesmo que a data seja comercial. Não custa nada darmos um pouco do que temos. Muitos agradecerão.
Ana Cássia Maturano, psicóloga e psicopedagoga, para o G1.