Por Alessandra Leles Rocha
Quem não gosta do sabor da vitória? É claro que vencer é sempre cinquenta por cento da história, que as histórias são sempre diferentes, que as personagens nem sempre são as mesmas, que há sempre um suspense até o final. Mas, o sabor da vitória de que estou falando é único porque vem daquilo que já se transformou na maior riqueza nacional: o nosso vôlei. Talvez pareça até presunção essa crença absoluta em que não se pode esperar outra coisa desse esporte que não sejam vitórias; mas, o score descreve assim, o que fazer???
Três vezes consecutivas e a taça de Campeões do Mundo vem parar em nossas mãos. Parece fácil, óbvio; mas, quem dera! Apenas quatro remanescentes do mundial de 2006. O nome dessa equipe foi renovação; sangue novo, quente, vibrante, correndo nas veias dos nossos gigantes. Mas, se pensarmos bem, o nome dessa equipe foi superação: desafios e mais desafios se puseram diante da seleção brasileira; uma estrutura equivocada para a disputa do torneio, atletas fora de combate obrigando a ousadia da criatividade e do improviso calculado, hostilidade da torcida em alguns momentos, altos e baixos na busca de uma sintonia perfeita entre o físico e o emocional. Em suma, prevaleceu mais uma vez a equipe chamada UNIÃO.
Cada vitória é doce e atroz; sobretudo, porque eles estarão sempre mais vulneráveis à exposição, às cobranças, ao desafio perene do favoritismo. Estarem no topo sempre faz com que os olhos do mundo se voltem para eles com mais ambição. Sorte a nossa, que eles não se intimidam com o peso da amarelinha, ou da azulzinha, ou quaisquer cor da nossa bandeira a vir lhes cobrir o corpo! Sorte nossa que temos todas as peças encaixadas na medida exata; indivíduos que sabem o seu valor, a sua competência, a sua importância e trabalham convictos na realização de seu melhor.
Numa conjuntura astral, que alguns consideram perfeita, dez do dez de dois mil e dez, eles escreveram o fim de mais uma saga. Exorcizaram o peso de todas as pressões, de todas as angústias e lavaram a alma em setenta e quatro minutos. Um banho de bola, de sede, de garra, de amor e ódio para traduzir nas mãos o tamanho de uma paixão, de uma vida entregue a ser e a fazer feliz centena de milhares de outras. No fim das contas, a certeza que as palavras não deixam mentir na GRATIDÃO mais profunda ao recôndito refúgio de todas as horas: a FAMÍLIA. Aqueles que pouco, ou quase nada, desfrutam da sua companhia, do seu aconchego, da sua força, do seu carinho; mas, que estão enraizados na alma, presentes nos valores, nos gestos, nas atitudes, nas semelhanças.
Incrível, como no silêncio vibrante da partida, nossa seleção emudeceu o ginásio, calou a torcida que fazia questão em lhes fazer oposição! Uma felicidade incontida explodia de dentro da alma, como combustível que pega fogo para mover a máquina, aos brados insistentes dos adversários. Enfim, foram a Roma, viram e venceram!