segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Dezembros ...

Dezembros...

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

Todo Dezembro é assim, muitas promessas de amor, de paz, de união, de fraternidade, ... Acontece que palavras sem atitude, sem transformação íntima, se perdem no vento.

Vejam, são onze meses de preparação até a chegada de Dezembro. Para muitos, pode parecer pouco. Mas, na verdade, não é.  Esse  tempo é suficiente para transmutar nossas arestas humanas e tornar-nos seres melhores, em diferentes sentidos.

Ainda que complexa e aparentemente difícil, essa não é uma tarefa nova. Afinal de contas, evoluir é parte integrante do desenvolvimento humano. Construir, desconstruir, ressignificar, são movimentos intrínsecos à nossa existência eternamente inacabada.

Sim, temos que aprender a aceitar que somos seres incompletos. Passamos uma vida inteira à procura de uma tal perfeição e ela jamais é atingida. Nem mesmo os mártires, os santos, foram perfeitos.

Daí a necessidade de fazer de Dezembro o marco, o ponto de partida, das nossas metamorfoses. Um passo de cada vez, de Dezembro a Dezembro, rumo a uma existência de luz, de novas práxis, de novos paradigmas, de novos olhares sobre o mundo e sobre nós mesmos.

Não é à toa que Dezembro nos conclama a renascer. Ora, para isso é preciso desapegar das velhas amarras, lançar fora tudo o que não acrescenta mais às nossas vidas, reestabelecer uma ordem de prioridades que seja efetivamente consciente, assumindo um compromisso real com a nossa própria missão existencial.

Por isso, Dezembro é um tempo de fé, o qual ultrapassa os limites da religiosidade. Independentemente da crença de cada indivíduo, Jesus Cristo é sim, um símbolo do renascimento humano, o qual cada pessoa pode se inspirar e abstrair grandes e valiosas lições.

A saga do menino Nazareno nos transporta para um resgate de valores e de princípios, à revelia das nossas próprias convicções. Em plena contemporaneidade, quando honestidade, respeito, responsabilidade, tolerância, humildade, empatia, igualdade, solidariedade, gratidão, diversidade, têm estado tão esquecidos e negligenciados, Ele surge silenciosamente para nos relembrar.

Basta pensar Nele! Seja em reflexão ou em prece. De repente, somos conduzidos a um processo de análise quanto ao nosso papel no mundo. Quem somos? Que sementes temos plantado pelo caminho?  Que melhorias conseguimos apurar em nossa evolução? Que valores têm preenchido os nossos dias? ...

Talvez, isso explique as razões dos Dezembros terem um cenário, de algum modo, melancólico. Um céu nublado e sisudo. Dias de chuva intensa. Um ar mais frio para rebater o calor tropical. Um sentimento de introspecção nos olhos e na alma. Uma certa emotividade à flor da pele.

Porque os Dezembros são convites para o amanhã. Depois dele, um novo ciclo recomeça. E precisa vir embalado pela transformação. Afinal, ninguém quer mais do mesmo! Mas, não se trata apenas de uma mudança externa. É fundamental mudar por dentro, nas entranhas, no mais profundo do (in)consciente.

Somente dessa forma, os Dezembros valem a pena, fazem sentido. Essa é a verdadeira festa! Ela transborda a alma e contagia o mundo ao redor. Dezembros são trinta e um dias para nos permitirmos ofertar o melhor que existe em nós, pequenos gestos, palavras edificantes, sorrisos genuínos, abraços fraternos, lágrimas de gratidão, ...

Portanto, antes que esse Dezembro se despeça, não deixe que ele escape sem que você tenha descoberto uma nova perspectiva de vivê-lo, uma nova face de si mesmo. No fundo, Dezembros marcantes são aqueles em que se consegue entender que “... a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade” (Martha Medeiros – Felicidade Realista).