sábado, 17 de fevereiro de 2018

* Texto publicado em 13/02/2016.

Sempre alerta!



Alessandra Leles Rocha




"A maior ameaça ao domínio continuado do ser humano em nosso planeta são os vírus."
Joshua Lederberg, Prêmio Nobel de Medicina



O mundo está em alerta por conta da expansão do vírus Zika e sua possível correlação com milhares de casos de recém-nascidos apresentando microcefalia e casos de adultos com a Síndrome de Guillain-Barré. Mas, muito além dos prejuízos à saúde dos seres humanos, as epidemias expõem à fragilidade do equilíbrio ecossistêmico no planeta. Afinal, dia após dia, os seres humanos ocupam os espaços naturais e interferem na sobrevivência de outros organismos e microrganismos ali presentes. Portanto, a relação vítima/agressor não é tão simples quanto se tenta fazer parecer.
Não há como contestar que o uso e a ocupação indiscriminados do solo, a partir do grande boom da Revolução Industrial, com a consolidação dos espaços urbanos, propiciou o surgimento de áreas insalubres, por conta do acúmulo de resíduos e da ausência de manejo e tratamento adequado dos dejetos, ou seja, sem saneamento básico. Tais condições sempre representaram um perigo iminente em relação à propagação rápida e descontrolada de doenças. Mas, ao contrário de estabelecer medidas profiláticas, o que se pode observar ao longo dos séculos, especialmente nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, foi uma negligência voluntária e um conjunto de ações/respostas mediante os episódios epidêmicos.
Desse modo, frente a esse tipo de comportamento, a qualquer instante a situação sairia de controle, como está acontecendo agora. No caso do zika Virus, o seu ‘ineditismo’ o torna ainda mais perigoso; posto que, se conhece muito pouco ou quase nada dele. As pesquisas têm se intensificado agora, diante da crise, mas demandam tempo para garantir a precisão das respostas e de possíveis terapêuticas eficazes. O que há no momento é uma corrida contra o tempo e a busca pela segurança da população. 
E diante de tudo isso, não se fala em outra coisa senão no vetor do vírus, o mosquito Aedes aegypti; o qual, além do Zika, é capaz de transmitir aos seres humanos os quatro tipos de vírus da Dengue, o vírus da Febre Amarela e o vírus da Chikungunya.
Contudo, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, em Atlanta (EUA), o vírus da Chikungunya é mais frequentemente disseminado as pessoas pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Estes são os mesmos mosquitos que transmitem os vírus da Dengue e da Zika. Eles picam principalmente durante o dia 1. Estes mosquitos tipicamente depositam seus ovos dentro ou próximo de reservatórios de água em objetos como baldes, bacias, pratos de animais, vasos e potes de plantas. Eles preferem picar pessoas, e vivem dentro e fora das proximidades delas 2.
Então, não é só o Aedes aegypti o grande vilão. O Aedes albopictus — também chamado de mosquito tigre asiático – além de semelhante ao Aedes aegypti tem uma fêmea que deposita os ovos em containers de água parada ao redor ou mais distante das casas, no oco de árvores e entrenós de bambu, por exemplo. Ele pica pessoas, animais domésticos e animais selvagens. Esta espécie pode sobreviver durante todo o ano em climas tropicais e subtropicais. Pelo fato de que ele deposita seus ovos nas laterais internas de recipientes de retenção de água em áreas urbanas, suburbanas e rurais, bem como em bordas próximas de áreas florestais, ele está intimamente associado com áreas vegetadas e em torno de casas; assim como, as formas imaturas (larvas e pupas) são encontradas em recipientes artificiais com água, como pneus, vasos de flores, pratos sob vasos de plantas, urnas de cemitério / vasos, baldes, latas, calhas de chuva entupidas, lagos ornamentais, tambores, bacias de água para animais de estimação, banhos de pássaros, etc. em alguns casos, esta espécie foi encontrada em coleções hídricas 3. Diante disso, percebe-se que a responsabilidade no controle dos vetores depende tanto da população quanto da gestão pública; na medida em que o problema se estende além do perímetro residencial. [...]


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