domingo, 28 de maio de 2017

Violência contra a mulher custa US$ 1,5 trilhão ao mundo, alerta ONU no Dia Laranja

Neste 25 de maio, Dia Laranja pelo Fim da Violência contra as Mulheres, as Nações Unidas reforçam seu apelo para que Estados-membros combatam violações dos direitos humanos de meninas e mulheres. Violência tem custo alto para países desenvolvimentos e em desenvolvimento. A ONU Mulheres ressalta que investimentos em prevenção — como conscientização sobre desigualdade de gênero nas escolas — são menos custosos que as políticas atualmente necessárias para lidar com as consequências dos abusos.
Neste 25 de maio, Dia Laranja pelo Fim da Violência contra as Mulheres, as Nações Unidas reforçam seu apelo para que Estados-membros combatam violações dos direitos humanos de meninas e mulheres. A ONU lembra que a violência contra o público feminino custe aos países cerca de 1,5 trilhão de dólares — 2% do Produto Interno Bruto (PIB) global.
O montante diz respeito em parte às despesas com o atendimento às vítimas, com a aplicação das leis e com as consequências das agressões na vida de trabalhadoras. Em Uganda, gastos anuais com funcionários que cuidam de mulheres vítimas de violência doméstica chegam a 1,2 milhão de dólares. Já no Marrocos, crimes contra as mulheres, por motivação de gênero, custam à Justiça 6,7 milhões de dólares anualmente.
Na Nova Guiné, em média, empregadas do setor privado deixam de ir trabalhar 11 dias ao ano por conta da violência de gênero. O Peru perde mais de 70 milhões de dias trabalhados devido à violência doméstica e familiar. No Camboja, 20% das mulheres vítimas de violência doméstica relatam ter se ausentado do trabalho e afirmam também que seus filhos faltaram à escola devido a episódios de agressão.
No Vietnã, o custo direto da violência doméstica representa 21% das despesas mensais das mulheres, e vítimas da violência doméstica ganham 35% menos do que mulheres que não sofreram esse tipo de agressão.
Os problemas não são uma exclusividade dos países em desenvolvimento. O custo anual da violência cometida por parceiros íntimos das mulheres chega a 5,8 bilhões de dólares para os Estados Unidos e a 1,6 bilhão de dólares para o Canadá. Na Inglaterra e no País de Gales, o custo da violência doméstica soma 32,9 bilhões de dólares.
Todo dia 25 do mês é um Dia Laranja pelo Fim da Violência contra as Mulheres. A data conclamada é pelas Nações Unidas no marco da Campanha UNA-SE. Atividades têm por objetivo ampliar o calendário celebrado no dia 25 de novembro – Dia Internacional pelo Fim da Violência contra as Mulheres. No Dia Laranja, a ONU convida a sociedade civil, os governos e outros parceiros a se mobilizarem em apoio à causa.
Em 2017, o Dia Laranja adota o lema “Não deixe ninguém para trás: acabe com a violência contra as mulheres e as meninas”, uma adaptação do tema dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Desafios do Brasil

No Brasil, 40% das mulheres já sofreram violência doméstica em algum momento de sua vida. Pesquisadas coletadas pela ONU Mulheres indicam que 66% dos brasileiros presenciaram uma mulher sendo agredida física ou verbalmente em 2016. Em 2014, foram mais de 45 mil estupros cometidos no país.
A cada duas horas, uma mulher é assassinada no país, a maioria por homens com os quais têm relações afetivas — o que coloca o Brasil na 5º posição em um ranking de feminicídio que avaliou a incidência do crime em 83 países.
“A violência contra as mulheres é uma manifestação perversa, fruto da discriminação e da desigualdade de gênero. Para além das consequências humanas imensuráveis que ela traz, tal violência impacta em elevados custos para os serviços de atendimento — incluindo a saúde, a segurança e a justiça. Investir na prevenção e na erradicação da violência contra as mulheres e meninas é muito menos custoso do que tem nos custado a falta de ação”, aponta a representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman.

Prevenção no Espírito Santo

O governo do Espírito Santo tem olhado para a prevenção como uma das principais formas de enfrentar as violências estruturais. O estado ocupa o 2º lugar em assassinato de mulheres no país.
Em 2016, a Secretaria estadual de Políticas para as Mulheres iniciou em conjunto com a ONU Mulheres a capacitação de 43 professores e gestores da rede pública de ensino para a implementação do currículo O Valente não é Violento nas escolas. A parceria visa avançar na prevenção da violência contra mulheres e meninas por meio da educação formal sobre igualdade de gênero.
Uma segunda etapa do projeto inclui a realização de uma iniciativa-piloto com 50 escolas da rede pública. O objetivo é reduzir os índices de violência sexual e abuso entre meninas, casos de gravidez na adolescência e o casamento infantil.
O currículo O Valente não é Violento foi elaborado com o intuito de desafiar estereótipos de gênero que levam à violência. A proposta é refletir sobre as associações problemáticas entre, por exemplo, masculinidade e violência, bem como sobre diferenciação entre meninas e meninos no aprendizado das Ciências Exatas e das práticas esportivas. Outros temas incluem a divisão desigual das tarefas domésticas e das posições de poder.
“Entendo que a educação é a porta de entrada para o diálogo com os jovens e adolescentes por estar ligada diretamente à reprodução de ideais e valores. É de suma importância que a educação esteja atenta aos processos sociais, culturais e políticos da sociedade, e que se discuta essas mudanças e transformações na escola, pois é a partir da escola que podemos difundir ideias e valores para o fim da cultura machista, sexista, misógina e, assim, combater a violência contra as mulheres”, diz a subsecretária de políticas para as mulheres do Espírito Santo, Helena Soares Pacheco.
A parceria com a ONU Mulheres faz parte do Programa de Enfrentamento à Violência contra as mulheres no Espírito Santo – Brasil, cuja meta é diminuir o número de homicídios no estado.

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