terça-feira, 19 de julho de 2016

CEPAL critica ‘invisibilidade estatística’ dos povos indígenas na América Latina

Indígenas representam 8,3% da população da América Latina, segundo os dados mais recentes da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Organismo regional acredita que países devem melhorar qualidade de dados coletados sobre povos indígenas para incluí-los em censos e políticas públicas.

Em evento paralelo ao Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável sobre os direitos e contribuições dos povos indígenas para a Agenda 2030 da ONU, a secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena, criticou a falta de dados estatísticos que torna invisíveis esses povos.
Atualmente, o organismo regional presta assistência técnica a seus Estados-membros para apoiar o desenvolvimento de métodos de monitoramento da população que incluam os indígenas, além de atuar junto a organizações dos povos nativos para produzir estudos e bancos de dado especializados.
Como resultado, a CEPAL conseguiu calcular que, em 2010, cerca de 45 milhões de indígenas viviam na América Latina. O contingente representava, então, 8,3% da população regional.
O número representa um avanço na comparação com a estimativa de 30 milhões de indígenas obtida em 2000. A CEPAL considera que o aumento não foi devido apenas a um crescimento demográfico, mas também à maior visibilidade que essas populações conquistaram em censos de população latino-americanos.
“Se na ronda de 1990, apenas dois (dos países da América Latina) incluíam o critério de autoidentificação, na ronda de 2010 este número já chegava a 21”, elogiou Bárcena.
Apesar das conquistas, a chefe da CEPAL alertou para a necessidade de aprimorar a qualidade dos dados coletados por pesquisas. De acordo com a secretário-executiva, é necessário analisar as desigualdades de gênero, acesso a saúde, educação e outros riscos a que os indígenas estão vulneráveis.
Como exemplo, Bárcena explicou que, sem distinguir os níveis educacionais, as entradas de homens que não são indígenas nem afrodescendentes no mercado de trabalho latino-americano chegam a ser quatro vezes maiores do que as novas participações de mulheres indígenas e quase o dobro do número de mulheres negras que começou a trabalhar.
A secretária-executiva destacou também que os indígenas vivem o auge de conflitos socioambientais que podem desrespeitar seus direitos territoriais. Na América Latina, entre 2009 e 2013, foram identificados 235 disputas provocadas por indústrias extrativistas — mineração e carvão — em territórios indígenas, alertou a chefe da CEPAL.
Segundo a dirigente, a inclusão desses grupos no monitoramento populacional será fundamental para proteger seus direitos e garantir que os indígenas sejam contemplados pelas políticas públicas alinhadas à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU.

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