sábado, 16 de abril de 2016

E aí, vale tudo?!


E aí, vale tudo?!

[...] Brasil!
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim [...]
(Brasil – Cazuza)

 

Por Alessandra Leles Rocha

 

Assim começa o fim de semana dos brasileiros, com a manchete: “Em regime domiciliar, mensaleiro ajudou Lula a evitar debandada de aliados” 1.  O vale tudo pelo poder permanece enquanto o país se esfarela avassaladoramente. Mas, e daí?

Pois é, esse é o pensamento e, consequentemente, o grande problema nacional, ninguém está preocupado com a crise que ajudou a construir. Que paguem a conta dos desvarios, das roubalheiras, os milhões de brasileiros e ponto final; porque eles não irão ‘largar o osso’ de jeito nenhum.

Nem adianta espernear, porque tais fatos vêm bem a calhar no sentido de escancarar publicamente o óbvio: votar é um exercício que exige um alto grau de reflexão, pois as consequências podem ser nefastas.  Um preço alto que a nossa Democracia cobra, mas ninguém quer pagar. Então, está aí para quem quiser tirar a prova, o Brasil afundando de maneira melancólica, depois de ter bradado aos quatro cantos do planeta que estava ‘por cima da carne seca’. Uau!

Hospitais, portos, investimentos mil a juros módicos e com pagamento a perder de vista, coisas de ‘pai para filho’.  Foram pródigos distribuidores de benesses pelo mundo afora, enquanto por aqui é melhor nem comentar, porque se abrirmos a boca corremos o risco de sentar no chão e chorar até não termos mais lágrimas.

Só é fundamental esclarecer que nesse ‘balaio de gatos’ ninguém escapou; afinal, não se peca só por atos, mas por omissões. Os representantes do povo, em todas as suas esferas, não têm passado pela história desse país diferentemente de uma classe mercenária e oportunista; distantes de quaisquer manifestações e sentimentos dignos e altruístas.   

A situação só chegou ao ponto que está por isso, porque não houve ninguém a lutar contra essa práxis. Agora, tentam ‘salvar a pele’ em nome das próximas eleições municipais, posicionando-se para ‘sair bem na fotografia’; sendo que, no fundo, não fizeram e nem fazem questão nenhuma de refletir sobre as reivindicações populares que se arrastam desde junho de 2013.  Do povo, infelizmente, eles só querem o voto.

É evidente que se há de estancar os prejuízos desse poço sem fundo imediatamente, para que reste ao país o mínimo de esperança por parte do mercado internacional em relação à nossa economia; bem como, pelo fato dos atores que estão em cena já não disporem de nenhuma possibilidade de governança.

Entretanto, com um número expressivo de deputados e senadores na mira de investigações ligadas à corrupção no país é fundamental que emerja uma representação política em condições de liderar, de demonstrar seriedade e apreço pelo país e seus cidadãos. Gente que esteja de fato disposta a arregaçar as mangas e enfrentar as demandas sociais com mais compromisso e menos populismo.

Chega de promessas, de milagres, de salvadores da pátria! A ‘lei do menor esforço’ está com os dias contados não por obra e graça da conjuntura nacional, mas porque o mundo anda ‘pegando fogo’ e vendo a economia balançar de um lado para outro sobre imensos desafios. Há conflitos se arrastando, se desdobrando em irresponsabilidades que acabam por bater às portas uns dos outros. Daí falta espaço. Falta água. Falta comida. Falta emprego... Enquanto sobra desespero, desesperança, agonia.

Então, a hora de se mostrar um país amadurecido frente à realidade é essa. De cada um assumir, de agora em diante, o quinhão de responsabilidades que lhe cabe e se munir da dignidade que nasce da consciência do próprio esforço.  Basta dessa credulidade risonha que não nos leva a nenhum lugar senão a uma subserviência indigesta e paralisante. Basta de sentir pena de si mesmo.

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