quarta-feira, 7 de março de 2012

Homenagem ao Dia Internacional da Mulher

O papel e o significado da mulher contemporânea

Por Alessandra Leles Rocha

Afinal, o que revela o grandioso quadro da mulher na sociedade? Vitórias esplendorosas?  Muitas pedras e obstáculos pelo caminho? Ou quem sabe, nos dias de hoje, uma simples mudança no modo de aceitar e compreender o curso da contemporaneidade?
Depois de anos de opressão e submissão ao controle masculino, que se fundamentam desde os primórdios do homem primitivo, as mulheres a custa de muita luta (interna e externa) se lançaram de corpo e alma pela busca da sua igualdade social. Talvez, “enceguecidas” pela fúria que o tempo faz acumular, deixaram-se mover pelo impulso, inimigo incontestável da análise e da ponderação, e não demarcaram convenientemente os prós e os contra que em longo prazo determinariam o fiel da balança de suas existências. Ainda que totalmente justas, importantes e necessárias, as reivindicações das mulheres não as eximiram da sua condição de mães, esposas, donas de casa; afinal, estes papeis sempre estiveram intrínsecos a condição feminina na sociedade. A questão passou a ser de que forma conseguiriam, então, acrescer a sua rotina outras tarefas, conseguindo atendê-las satisfatoriamente e sem prejuízos a sua qualidade de vida e saúde.
Desde então, não vemos senão as mulheres ensinando, ou ainda aprendendo, esse fenomenal ofício de “equilibrar pratos”. Às vezes alguns “caem sem querer”, mas elas permanecem firmes e focadas na melhoria do seu desempenho. Entretanto, ao invés de encontrarem mais apoio e aplausos, a sociedade em muitas de suas segmentações permanece como grande inquisidora da mulher. Não importa se elas são maioria, como aponta o censo demográfico. Se possuem os mais altos níveis de escolaridade. Se já alcançam os mais importantes cargos de chefia no setor público e privado. Se mantém a condição absoluta como “chefes de família”. Se... se... se... De um jeito ou de outro são expostas a um verdadeiro check list de obrigações na busca de uma eventual “nota máxima com louvor”.
É! As conquistas não parecem suficientes! Segundo os rígidos ditames, as atitudes e comportamentos da alma feminina não podem ser esquecidos e nem ao menos negligenciados. A heroína contemporânea deve estar sempre impecável: cabelos arrumados e tratados, unhas perfeitas, maquiagem no ponto certo, roupa da moda, dieta em dia; tudo dentro da realidade de cada uma delas. De olho na casa, ela tem que ser um assombro na logística para deixar tudo funcionando sem obstáculos; mas, se algo sair dos trilhos, ela deve ser “a rainha do plano alternativo”. Brincando com o tempo, como quem faz chacota dele, ela precisa usá-lo para as compras, o serviço bancário, a reunião com as amigas, os compromissos dos filhos, os jantares profissionais do marido,... Com ou sem diplomas, ela é a psicóloga, a nutricionista, a economista, a companheira, a amante, a namorada, e o que mais for necessário para que sua vida pessoal funcione britanicamente, como manda “o figurino”.
De vez em quando pinta um estresse, um mal súbito e ela pensa sim, em jogar o cotidiano para o alto, ou se esconder debaixo da cama até a “tempestade passar”, voltar aos tempos da vovó e ser "apenas" mulher. Porque apesar de tudo, a grande mulher não encontrou em meio ao espaço conquistado o que ela mais queria: o respeitoso reconhecimento. Sim! Todo ser humano quer, precisa, ter a sua existência reconhecida e respeitada: suas conquistas, suas superações, seus trabalhos. Tanto o reconhecimento subjetivo – elogios, cumprimentos, flores etc. – quanto aquele material – através do dinheiro. Economicamente falando é triste reconhecer que as mulheres ainda ganham menos do que os homens no exercício das mesmas funções, apesar de os terem superado em anos de estudo e qualificação profissional.  E não bastasse essa desigualdade, o descrédito quanto ao mérito delas sobrevive em conjunto com as diferentes fórmulas de violência física e psicológica.
É realmente espantoso, em pleno século XXI, precisar estabelecer uma reflexão sobre o papel e o significado da mulher, quando a realidade por si só já nos tem impingido a necessidade de “sublimar” as prerrogativas ligadas ao gênero para tornar o cotidiano mais fluido e fácil de ser administrado. Como palavra de ordem, a sociedade mundial precisa romper com os preconceitos e assumir enquanto ser humano as tarefas que precisam ser realizadas. Nada de inversão de papeis; mas, uma visão altruísta e extremamente colaboradora e consciente das transformações meteóricas pelas quais passa o planeta Terra. A realidade nos obriga a evoluir e nos adaptar as novas regras, a caminharmos de mãos dadas para que não falte o pão, o abrigo, a dignidade, a cidadania a ninguém. Nenhum ser humano está dispensado deste desafio; então, se soubermos realizar o que for possível dentro da nossa humilde competência, conseguiremos romper com os “grilhões” invisíveis que nos rotulam e fazem pesar a vida sobre os ombros todos os dias, trazendo-nos insatisfações e frustrações tão desnecessárias.