sábado, 3 de março de 2012

Crônica do fim de semana!!!

Sem unanimidade para alcançar encontre a sabedoria!

Por Alessandra Leles Rocha

De vez em quando a vida sopra suas pérolas de sabedoria e nos convida a despender os minutos do relógio na sua deliciosa “digestão”. Foi assim, há alguns dias, ao ouvir que “o ser humano adquire coisas que não precisa só para mostrar a quem não conhece”. Uau! Verdade mais do que verdadeira, neste mundo entregue ao visgo do consumo e aos olhares inquisidores de quem se considera, mesmo sem ter esse direito, capaz de determinar os rumos da humanidade.
Quer deselegância maior, seja direta ou indiretamente, do que “meter o bedelho na vida alheia”? A vida já é muito para que cada um cuide da própria e não há, em lugar nenhum, escrito ou protocolado determinados conceitos. O que há, em profusão, é uma torrente de preconceitos e compreensões rasas e totalmente fora de moda, se olharmos com extremada atenção ao que acontece além das fronteiras do próprio umbigo.
Enquanto uns e outros carregam pedras e arrastam correntes para satisfazer opiniões medíocres e chulas, o planeta brada categórico por valores como a simplicidade, o despojamento, a sustentabilidade, a fraternidade e a coexistência. Ciente de que cada ser humano é um e carrega consigo as suas particularidades, permeadas de virtudes e imperfeições, no tocante à convivência coletiva a sociedade já estabeleceu um conjunto considerável de regras, normas, estatutos e leis bastante abrangentes para manter a ordem, auxiliar o progresso e definir os limites sem privilégios e extrapolações. Entretanto, ainda há quem vasculhe a mesquinhez improdutiva de aspectos irrelevantes da vida para se debruçar em palavrórios e vigilâncias absurdos. Ou quem opte a se postar acima do já estabelecido, desenvolvendo novos ditames e convenções. É como se estivessem sempre a postos para destilar uma teoria conspiratória, a fomentar um comentário ácido, a torcer o nariz para este ou aquele. Impávido diante desse espetáculo triste e desnecessário, o relógio cumpre seu rito e leva embora o tempo precioso e útil.
Nesse ócio disfarçado de guardião da moral e dos bons costumes, ou dos padrões sociais de determinada classe, essa gente parece mesmo viver alienada ao que acontece no mundo real. É como se seus sentidos estivessem inativos para absorver a efervescência terrestre e para se engajar em prol do bem comum. Será que já se deram conta que o dinheiro está perdendo seu poder de compra? Será que se consternam diante das catástrofes do clima? Será que observaram o quão insuficiente tem sido o número de hospitais e serviços de saúde para satisfazer as demandas? Será que entenderam a gravidade da escassez de alimento pelo planeta? Será que separam as roupas usadas para doar em alguma instituição filantrópica?... Será que se dão conta de que são tão humanos quanto quaisquer outros a quem estão sempre a monitorar?
Perdida em meio ao consumo do supérfluo uma parte da humanidade se distancia do que realmente é essencial, a começar de si mesma. A lei é uma só para todos: nascer, crescer, envelhecer e morrer. O que se faz a mais, de bom ou de ruim, é de total responsabilidade de cada um; uma questão de consciência, de valor, de princípios. Essa procura desenfreada em passar os dias dando satisfação da própria vida e aguardando inconsciente ao tal “julgo bendito” é descabida, ineficaz; afinal, não há unanimidade a ser alcançada! Como diz Gabriel García Marquez, “É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem saber ver” 1.