domingo, 24 de abril de 2011

FELIZ PÁSCOA!!!

Sempre é tempo para renascer!

Por Alessandra Leles Rocha

            Mais de dois mil anos da chegada do nazareno que trouxe consigo a missão sublime de conduzir a humanidade pelos caminhos da paz, da caridade e do amor, e o ser humano ainda persiste na consagração da sua mesquinhez. Infelizmente, o passar do tempo não conseguiu extinguir ou sublimar a linha imaginária que divide a sociedade entre “os que têm importância” e “aqueles que não têm”.
         Aliás, não só essa linha segrega milhares de pessoas todos os dias; a fome, a escolaridade, a saúde, a etnia, o emprego e tantas outras variáveis sociais o fazem sem que haja grandes manifestações de constrangimento ou vergonha - tratam como normalidades cotidianas de um mundo que sempre existiu repleto de divisões, e subdivisões, e não pudesse a ordem desses fatos ser contestada ou transformada.
         Quantos de nós rejeitamos a possibilidade em ao menos pensar que o socorro na hora do desespero ou da dor virá de alguém a quem consideramos “inexistente” no mundo? Mas esse é um fato incontestável! Na vida somos constantemente expostos às circunstâncias que nem sempre coadunam com nossa vontade ou o nosso querer; é tudo ou nada, se quisermos garantir a nossa própria sobrevivência. Imagine se acidentar numa estrada e tiver que contar com a sorte para ser socorrido; você vai escolher quem irá socorrê-lo ou vai preferir que uma ajuda aparecesse o mais breve possível, hein? Esse é tão somente um simples exemplo de que estamos indiretamente ligados uns aos outros, muitas vezes até mais conectados a estranhos do que aqueles bem próximos de nós; já que a vida é uma constante surpresa.
         Pena, que a mesquinhez que nos assombra se figure muitas vezes ainda maior do que essa e bem próxima das que levaram os homens e as mulheres de bem que transitaram pelo planeta ensinando as mesmas lições do Cristo. Continuamos a presenciar no mundo aqueles que deliram ao tilintar das moedas da traição, a condenação dos justos e a absolvição dos delinquentes, os afagos e comportamentos injuriosos e desleais, discursos inflamados em favor das condutas ilícitas e reprováveis... o descaminho para uma sociedade presenteada com a possibilidade da razão e da análise de suas ações. A cada vez que se reafirmam essas situações entre as pessoas um desserviço é prestado à humanidade que deveria estar plena e aberta a sua evolução, o que inclui dizer os seus princípios éticos e morais.
         Se Cristo foi ou não o messias, pois para algumas religiões ele não é assim considerado e há quem espere a chegada de um, os seus pensamentos, as suas palavras e as suas ações peregrinas não foram menos importantes ao mundo. Ao contrário, o Homem de Nazaré cumpriu maravilhosamente bem a nobre missão de trazer luz às trevas da escuridão reflexiva humana. Mais do que uma transformação coletiva, a busca maior de seus ensinamentos estava no chamamento a uma conversão de valores individual; foi dessa forma que ele reuniu o seu rebanho de seguidores, através da transformação íntima que a análise das pregações gerava ao modo de ser de cada um deles. Afinal de contas, ninguém muda ninguém a não ser que haja no indivíduo uma porta aberta ou uma predisposição a essa renovação.
         Enquanto trabalhava na individualidade do ser humano e na capacidade de acentuar suas melhores virtudes e valores, Cristo e tantos outros missionários do bem conduzem a sociedade ao mais profundo processo metamórfico existencial e ao afloramento do olhar coletivo para um mesmo caminho; mais humano, mais fraterno, mais igualitário e mais livre. Mas, por não ser possível alcançar essa transformação do dia para noite e ela “afrontar” diretamente o imediatismo que corrompe a alma humana, houve quem discordasse e se pusesse em oposição radical. Entre a promessa de uma nova vida e os apelos e prazeres do mundo, muitos preferiram romper quaisquer alianças com o bem e pagar o ônus da escolha; afinal, escolhas implicam em contrapartidas muitas vezes altas demais.
         Dois lados de uma mesma moeda, muitos arrastam felizes as correntes em favor de se renovar diariamente as ressonâncias humanas, enquanto outros se debatem no flagelo da desorientação do caos que insiste em povoar o mundo. É por esses sofredores, a se perpetuarem de geração em geração, que não se pode deixar morrer as grandes lições do bem. A luz precisa estar sempre acesa para assinalar o caminho de volta aos que se perderam. Parece uma missão inglória, fadada ao insucesso, tal como tirar água de um barco com dedal; mas, cada ser que renasce no bem é uma força a mais na construção de um mundo mais justo, mais belo e mais correto, capaz verdadeiramente de assinar o valor de sua evolução.