sábado, 9 de outubro de 2010

Você já ouviu falar na Câmara Brasileira do Livro?

Câmara Brasileira do Livro (CBL) - História

Foi na efervescência cultural da São Paulo dos anos 1940 que um grupo de editores e livreiros começou a se reunir para discutir os problemas do setor e buscar formas de atuação conjunta e organizada. Desses encontros surgiu a proposta da criação de uma entidade de classe que assumisse a tarefa de divulgar e promover o livro no país.
A Câmara Brasileira do Livro foi fundada oficialmente no dia 20 de setembro de 1946, em assembleia realizada na Editora O Pensamento, localizada no antigo largo de São Paulo, no centro da capital paulista. Na mesma oportunidade foi eleita a primeira diretoria da entidade, presidida por Jorge Saraiva.
“Livro, presente de amigo” foi a primeira campanha publicitária que, ainda em 1946, iniciou o trabalho de divulgação e promoção do livro. A ela seguiram-se outras, como as promoções do dia dos namorados e a instituição da semana do livro e da semana do livro infantil, acompanhadas da realização de encontros e conferências, concursos e atribuição de prêmios especiais.
Em 1948, a CBL promoveu o 1º Congresso de Editores e Livreiros do Brasil. Realizado em São Paulo, o congresso reuniu mais de uma centena de delegados e 56 editoras, livrarias, gráficas, agências literárias, sindicatos e outras entidades. Foram discutidas questões gerais relacionadas com a produção, divulgação, distribuição e comercialização do livro, além de questões específicas, como sistematização bibliográfica, direitos autorais, tarifas postais e importação de papel.
Proporcionalmente à chegada de novos associados, a CBL ganhava representatividade junto às entidades governamentais para conseguir benefícios ao setor. Em 1950, obteve de diversos governos estaduais a isenção do IVC, o então Imposto sobre Vendas e Consignações, para todo o comércio livreiro. Também se solicitou formalmente ao governo federal a facilitação e liberalização da importação de livros estrangeiros, bem como do papel usado para a produção editorial.
Ações: Eventos, Prêmio e profissionalização do setor, Feiras Nacionais e Internacionais
A primeira Feira Popular do Livro montada pela CBL, em 1951, foi a da praça da República, no esforço de introduzir no país a tradição europeia das feiras de livros encontradas na França, na Alemanha e na Itália. Em 1961 foi promovida, em parceria com o Museu de Arte de São Paulo, a 1ª Bienal Internacional do Livro e das Artes Gráficas, que se repetiu em 1963 e 65.
A 1ª Bienal Internacional do Livro, bancada exclusivamente pela CBL, foi realizada entre 15 e 30 de agosto de 1970, no mesmo edifício da Bienal de Arte, essa primeira feira reuniu algumas centenas de editoras nacionais e estrangeiras e atraiu milhares de pessoas, adultos, jovens e crianças. Já na 2ª Bienal, em 1972, o total de visitantes chegou a 80 mil e o de expositores passou de 700.
Em 1996, para abrigar um maior número de expositores e proporcionar maior conforto ao público, ela passou a ser realizada no Expo Center Norte. Em razão do crescimento contínuo de público e expositores, em 2002, ela foi para o Centro de Exposições Imigrantes (com 45 mil metros quadrados de área), até finalmente chegar, em 2006, ao Anhembi, o maior centro de exposições da América Latina. Em 2008, a Bienal chegou a sua 20ª Edição e o público infanto-juvenil foi contemplado com o projeto Ler é a Minha Praia.
A participação do Brasil em eventos no Exterior também foi muito potencializada com a criação da CBL. Exatos 10 meses depois de sua fundação, em julho de 1947, a CBL participava do 1º Congresso de Editores e Livreiros da América Latina, Espanha e Portugal, realizado em Buenos Aires. Em 1963, a entidade enviou uma delegação de representantes à Exposição Editorial do Continente Americano, no México, e às feiras internacionais de Frankfurt e Bonn, na Alemanha. Três anos depois, em 1966, organizava a participação brasileira na Feira do Livro de Lisboa, em Portugal.
Em 1971, a CBL organizou o 1º estande brasileiro na Feira de Frankfurt. A entidade participou também da 1ª Reunião Setorial do setor Livreiro latino-americano promovida pela UNESCO e ALALC, realizada em 1973. Já em 1978, a CBL coordenou a participação brasileira em diversas feiras internacionais como as de Buenos Aires, Frankfurt e Bolonha. Em 1994, numa área de 2.200 metros quadrados, o Brasil foi tema central da 46º feira de Frankfurt, onde foram expostos cerca de cinco mil títulos e se apresentaram cerca de 70 escritores, artistas e intelectuais em reuniões e mostras paralelas. O Brasil aproveitou a oportunidade para revelar um pouco de sua arte e cultura.
Com o aumento da participação brasileira em feiras internacionais, em 1996, o governo de Taiwan convidou uma comitiva da CBL a visitar a Feira de Livros de Taipé, uma das maiores da Ásia. Na comemoração dos 500 anos do Brasil, no ano 2000, a CBL aproveitou para repensar a Bienal, e os 30 anos do evento. Com isso, a Câmara firmou parcerias com outros órgãos e entidades além da embaixada brasileira, o que ampliou o calendário de feiras com editores brasileiros.
Atualmente, a CBL organiza a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, o Prêmio Jabuti, a Escola do Livro e participa de outras 13 feiras, sendo oito nacionais e cinco internacionais. Além disso lançou o programa Minha Biblioteca em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.
Prêmio Jabuti
A Câmara possui uma grande tradição na premiação de empresas e pessoas ligadas ao livro. Em 1957, instituiu o Prêmio Jabuti, a ser atribuído anualmente a editores, escritores, ilustradores, jornalistas e outros profissionais ligados à indústria e comércio do livro. O primeiro escritor a receber o prêmio, em 1958, foi Jorge Amado, com Gabriela, Cravo e Canela, cabendo à Saraiva o Jabuti de editor do ano.
Em 2008, o mais tradicional e conceituado prêmio do livro do País, celebrou 50 anos com recorde de obras inscritas, 2.141 no total. Desde a sua criação, o Jabuti reconheceu o talento de autores como Carlos Drummond de Andrade, Celso Furtado, João Cabral de Melo Neto, Nélida Piñon, João Ubaldo Ribeiro, Ruy Castro, Milton Hatoum, Lygia Fagundes Telles, Cecília Meirelles, Otto Maria Carpeaux, João Antonio, José Paulo Paes, Olga Savary, José Lino Grunewald, Celso Lafer, Francisco Alvim, Gilberto Freyre, Dalton Trevisan, Antonio Candido, Cassiano Ricardo, Milton Santos, Mario Chamie, Ruth Rocha, Haroldo de Campos, Raduan Nassar e Paulo Duarte.
Escola do Livro
Entre as atividades profissionais mantidas pela CBL, merece especial atenção a Escola do Livro, uma experiência iniciada em 1989 que se dedica à capacitação e treinamento de profissionais envolvidos com a produção e o comércio de livros. A Escola organiza cursos sobre os mais diversos aspectos da atividade editorial, do marketing de balcão à informatização de livrarias.
Minha Biblioteca
A CBL assinou em 2007 um convênio com a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo para criação do programa Minha Biblioteca, um dos maiores projetos de incentivo à leitura do País. Na primeira etapa do projeto, 275 mil estudantes de 1ª a 4ª séries do ensino público receberam cerca de 560 mil livros.
Em 2008, o programa foi ampliado para os estudantes de 5ª a 8ª séries. Com isso, foram distribuídos 1 milhão de livros para mais de 520 mil estudantes de 484 escolas públicas da capital. A cada ano, os alunos vão receber um kit com dois livros e uma maleta com espaço para mais outros exemplares – o objetivo é que ao término do ensino fundamental de oito anos cada criança tenha em casa a maleta completa com 16 livros, montando sua biblioteca pessoal.
Participaram da assinatura, representantes das 63 editoras que este ano fazem parte do Programa Minha Biblioteca. Ao todo, foram selecionados 202 títulos e o desconto oferecido pelas editoras foi de 60% no preço de catálogo. O investimento da Secretaria Municipal de Educação ultrapassou os R$ 10 milhões.
Câmara Brasileira do Livro | Rua Cristiano Viana, 91 | Pinheiros | 05411-000 | + 55 (11) 3069-1300 | cbl@cbl.org.br - http://www.cbl.org.br/#