Banco
Mundial prevê recessão de 2,5% para o Brasil em 2016, após um ano turbulento,
em que escândalos na Petrobras, ajuste fiscal e inflação alta afastaram
investidores e desvalorizaram o real. Desempenho negativo tem repercussão
regional.
O Banco
Mundial destacou, nesta
quarta-feira (6), que as economias em desenvolvimento devem apresentar uma
recuperação e um crescimento econômicos modestos, de apenas 2,9%, em 2016,
devido ao fraco desempenho de emergentes, como a China, a Rússia e o Brasil. Em
novo relatório, o órgão ressaltou a situação da nação brasileira, que
continuará em recessão, após retrair 3,7% em 2015. No ano passado, os
escândalos na Petrobras, o arrocho fiscal e monetário e a escalada da inflação
afastaram investidores, segundo o Banco.
Para 2016,
estimativas indicam uma contração de 2,5% no Produto Interno Bruto (PIB) do
Brasil, que só voltará a crescer em 2017. As previsões para esse e o próximo
ano, porém, supõem a redução do déficit fiscal e a definição de expectativas
mais firmes para a inflação, que atingiu o patamar mais alto em 12 anos no
segundo semestre de 2015, ultrapassando os nove pontos percentuais. O Banco
Mundial ressaltou também o recorde alcançado pela taxa de juros, fixada pelo
Banco do Brasil em 14,25%, valor mais elevado em nove anos.
De acordo
com o relatório, a
estabilização econômica poderá diminuir a necessidade de novos ajustes fiscais
e monetários. O documento lembrou que, atualmente, o governo brasileiro
enfrenta obstáculos para aprovar medidas de austeridade no Congresso Nacional.
Segundo a avaliação do Banco Mundial, o cenário de incerteza política e
desequilíbrios macroeconômicos geraram preocupações entre os investidores,
levando a uma ampla desvalorização do real em 2015. O lado positivo da
depreciação da moeda foi o aumento das exportações. O Brasil liderou o
crescimento de 4% observado no volume de exportações da América do Sul.
De acordo
com o Banco Mundial, desafios domésticos de países regionalmente relevantes
como o Brasil e a Venezuela têm repercutido na América Latina e Caribe, que
apresentaram recessão de 0,9% em 2015 e devem ter seu crescimento estagnado em
2016. O relatório estimou que uma queda de 1% no crescimento brasileiro, por
exemplo, provoca retrações de cerca de 0,6 e 0,5% no desempenho da Argentina e
do Paraguai, respectivamente.
Em 2016,
além do Brasil, outro grande emergente permanecerá em recessão. É o caso da
Rússia, cuja economia contrairá 0,7%. Embora não vá apresentar crescimento
negativo, a China deverá observar uma desaceleração em suas atividades
econômicas, que se expandirão 6,7% nesse ano, em comparação com os 6,9%
registrados em 2015. O país passa por um momento de transição, rumo a uma
economia mais baseada em serviços e consumo.
O Banco
Mundial teme que o enfraquecimento dessas economias restrinja o crescimento de
países em desenvolvimento menores. O relatório da agência destaca que foram os
grandes emergentes os responsáveis por uma parcela importante do crescimento
mundial da última década. O organismo financeiro espera que, em 2016, a
estabilização dos preços de commodities e do petróleo e o desempenho dos países
desenvolvidos possibilitem a manutenção de níveis de crescimento positivo,
ainda que modestos, para as nações em desenvolvimento.