sexta-feira, 11 de maio de 2012

Homenagem ao Dia das Mães


Por Alessandra Leles Rocha

Como tudo na vida, a maternidade é mais um processo da vida humana no qual a mulher não dispõe de um “manual de instruções” para lhe facilitar os caminhos. Diante do acontecimento, da surpresa, da explosão de emoções, a vida simplesmente vai ditando o ritmo e descortinando as infinitas possibilidades de trajeto.
Por isso, é tão bom falar sobre as mães! Ao mesmo tempo em que parecem tão diferentes na sua singularidade existencial, são tão semelhantes na sua condição maternal. Cuidados impressos delicadamente na sua carga genética transcendem a estrutura de seus átomos e moléculas e se revelam nas ações do dia a dia. Assim, elas nem ao menos necessitam de palavras para perceber na sutileza das alterações comportamentais de sua prole qual é o problema, o que está demais ou de menos, qual a razão da dor, da tristeza, da ansiedade, da euforia,... Seus sentidos estão sempre (ou quase sempre) atentos aos filhos, cumprindo o rito de garantir a preservação de sua própria espécie.
Mas por trás da magnitude, da beleza encantadora da maternidade há sempre o ser humano mulher, repleto de virtudes e defeitos, o que faz do seu papel maternal nem sempre uma relação isenta de turbulências e percalços. É! Estamos falando de dois indivíduos, mãe e filho (a), que apesar de uma ligação afetivo-emocional extremamente forte e complexa esbarra nas particularidades comportamentais e de personalidade bastante distintas. O sonho de um “mar de rosas” algumas vezes se esquece de que podem sim existir espinhos! Parafraseando Clarice Lispector 1, mães passam a vida tentando corrigir os erros que cometeram na sua ânsia de acertar; portanto, não há como estabelecer uma relação cem por cento perfeita!
Ainda que uma oportunidade ímpar para a mulher, de desfrutar a experiência de nutrir e acalentar dentro do próprio corpo o desenvolvimento de um novo ser, parte de si mesma, há de se ter a responsabilidade e o compromisso necessários para permitir o verdadeiro cumprimento do rito natural da vida. De tantas outras transformações e aprendizados que fazem parte da evolução humana, a maternidade está no rol daquelas sem opção de retorno. Uma vez mãe não se pode voltar atrás e desfazer o acontecido; no corpo, na alma, nos sentimentos e emoções o registro fica impresso, impossível de ser apagado. A intensidade do acontecimento marca tão profundamente que não há como esquecer e a vida se redimensiona numa escala muito além da compreensão. Entretanto, na certeza de que regras sempre possuem exceções, nem todas as mulheres podem de fato realizar a maternidade no seu sentido biológico, ou seja, gestando no próprio corpo o seu filho (a). Seriam elas “menos” mães se decidissem adotar? Em hipótese alguma! Toda a complexidade que envolve a maternidade inclui como fundamento essencial a disponibilidade afetiva e emocional em se doar na criação de um outro ser.  Eleger um filho (a), quando não se pode gerar um, é um ato de profundo desprendimento e generosidade, porque é a vontade sublime em ser mãe que determina a concretização dessa maternidade.
Ser mãe é, portanto, tudo isso e muito mais. Para entender o mundo, a vida, as relações humanas, basta olhá-las bem de perto, pondo reparo em cada gesto, em cada olhar, em cada palavra ou silêncio. De repente você se dará conta de que encontrou o seu norte, o sul, o leste, o oeste, todas as direções e caminhos a serem seguidos. Que o medo e a insegurança não parecem mais lhe consumir a alma, porque você sabe da existência de mãos sempre firmes e atentas a lhe proteger e abençoar. Que a felicidade pode ser comemorada na simplicidade de um pedaço de bolo, regado por uma xícara de café quentinho. Que a cura dos males do corpo e da alma estão no calor do abraço, das beijocas e dos carinhos suaves da sua mãe. Então, como não acreditar em anjos se as mães existem?!