Por Alessandra Leles Rocha
Embora a vida teime em flertar com a monotonia cinza e sisuda do cotidiano, como seria bom se ela ousasse se enfeitar de colorido com as nuances do inusitado.
Saudosismos à parte, só mesmo a infância para lançar-se de peito aberto em busca das surpresas e aproveitar de corpo e alma a energia maravilhosa que esses momentos podem desencadear. É! Quisera fossemos merecedores de uma surpresa ao dia! Tudo seria tão diferente!
O peso do mundo, dos deveres, das obrigações, dos compromissos, dos horários tem nos obrigado a caminhar curvados, tristonhos, cansados e quase completamente desesperançados. Tudo parece repetitivo, enfadonho e sem graça para nos revitalizar. A bateria energética mal consegue dar suporte à programação do dia a dia, que dirá pensar em lampejos repentinos de contentamento! Nossos sentidos estão adormecendo, caindo em sono profundo, sem que algo lhes arrebate de súbito. Não nascemos para a rotina! Até mesmo o feijão com o arroz pede algo diferente pelo paladar!
Queremos um arco-íris depois da chuva, uma canção que rompa o silêncio da tarde, um telegrama com boas novas, flores de algum admirador (a), lua cheia num céu estrelado, visita de alguém muito especial... A simplicidade capaz de descongelar nossas entranhas e nos demover da inércia apática a qual nos rendemos sem perceber. Precisamos comprovar a vida e nada melhor para isso do que o inesperado nos tirar para dançar de rosto colado, hein?
Então, antes de tudo, surpreenda-se a si mesmo (a) todos os dias. Mude o visual, altere o itinerário, dê asas à imaginação, reveja seus conceitos, deguste novos sabores, olhe o mundo com outros olhos. Depois disso, cada vinte e quatro horas será uma viagem única e surpreendente; e se as pessoas ou a vida se encarregarem de acrescentar um tempero a mais, aí poderemos dizer que de repente chegamos à beira da perfeição.