segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Crônica da semana!!!


O jogo está em ação


Por Alessandra Leles Rocha


Diante de um mundo que insiste em se mostrar de cabeça para baixo, a vontade de pedi-lo para parar e descermos na primeira esquina é quase involuntária! A sensação de exaustão parece nos arrebatar a todo minuto, como se fôssemos nutridos por uma fadiga crônica a consumir mente e corpo; fruto de um estresse social cumulativo que se dissipa no ambiente pela contramão do modo de ser, pensar e agir vigentes.
         O engraçado é que praticamente todos reclamam, mas poucos buscam de fato uma efetiva transformação. Infelizmente, a massificação alcançou a raça humana a tal ponto que seus componentes não expressam a sua identidade individual, seja no comportamento, ou na ideologia, ou nos sentimentos e emoções. Vivem sob uma batuta invisível a comandar o seu cotidiano, ainda que esta lhes cause prejuízos e incômodos terrivelmente visíveis e palpáveis, só para não destoar dos demais.
Os outros! A figura mais aterrorizadora do mundo contemporâneo! Quem são? O que pensam? Onde vivem? O que fazem? São perguntas difíceis de responder, pois os outros são na verdade o mundo que nos cerca e a quem queremos agradar para recebermos a benesse da aceitação social. É, meus caros! O ser humano desaprendeu a se gostar, a se aceitar, a ser exatamente do jeito que é, a pensar com a própria cabeça, a viver nos limites da sua própria realidade; ele precisa ser aceito, pertencer, e para isso não impõe limites ou regras. Faz o impossível, o terrível, o condenável, o deplorável!
É por essas e por outras que o planeta está como está! Há um coletivismo (para não dizer, coleguismo) demasiado em torno da mais completa inversão de valores e princípios, como se isso fosse o máximo da revolução (ou “evolução”) social. De uma hora para outra é como se tivessem decidido incendiar a bandeira do bom senso, dos bons modos, da solidariedade,... para demonstrar uma rebeldia cruel e instituir uma nova ordem; algo bem diferente do que propunha o movimento hippie, por exemplo. Mas apesar da grande legião de adeptos, o sucesso dessa “nova ordem” por sorte não tem uma solidez necessária para seguir fazendo estragos.
Talvez o que tanto nos cansa na sociedade esteja impregnado pelo nosso desejo de um resgate de consciência que parta de cada individuo; um lampejo de lucidez assinalando o quão distantes estão de um caminho produtivo e evoluído. Da vontade em que cada um deixe essa preocupação exacerbada com “os outros” e passe a cuidar mais de si, do que realmente lhes seja importante e vital. Mas com um pouco de atenção descobriremos que apesar de todos os pesares, a revelia do livre arbítrio, a mudança se dará bem mais efetiva e estruturada antes mesmo do que se imagina.
A verdade é que sem ordem não há progresso! Embora as pessoas tenham muita dificuldade – e pouca vontade também – de se desapegarem dos modismos e da sua própria inércia natural, da comodidade de permanecer como está, a conjuntura do mundo em que habitam dá as cartas e cobra as ações. Não se trata de querer; mas, de ter que fazer se quiser sobreviver! Um processo um tanto quanto imperceptível mas que têm retirado lentamente do “olho do furacão” social contemporâneo centenas de milhares de pessoas. Vejamos, por exemplo, que no início da “Guerra contra o Terror” encabeçada pelos Estados Unidos, após os ataques do 11 de setembro, o apoio da população era praticamente maciço. Os anos se passaram, os investimentos para a guerra contribuíram significativamente para a crise econômica; então, quando milhares de norte-americanos se viram endividados, desempregados e sem perspectiva, o número de cidadãos favoráveis a Guerra reduziu drasticamente.
Aos que insistem em tornar nossos dias árduos, pesados, irrespiráveis, repletos de contratempos, só para se sentirem elementos integrados a tal “nova ordem”; esse é o aviso: o jogo está em ação e as pedras do tabuleiro terão que se mover. Cada dia que passa a conjuntura nos comprime contra uma nova transformação; às vezes a bola da vez é a crise econômica, o retorno da inflação, da carestia, outras é o meio ambiente, as catástrofes do clima, a perturbação geográfica, a migração forçada, a escassez de alimentos,... Se quisermos que o “sofrimento” da mudança seja opcional, teremos que arregaçar as mangas por conta própria e nos renovar! 


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